terça-feira, junho 02, 2009

A esquerda chega ao governo em El Salvador


Funes e a Frente Farabundo Marti de Libertação Nacional conseguiram quebrar o forte aparato governamental e a sistemática campanha anticomunista, depois de várias tentativas e abrem um período novo na história do país.As solenidades, a que assistirão 17 mandatários, se faz com o nome: Um encontro com a história, para marcar o momento histórico que vive o país. Grande quantidade de gente do povo passou o domingo inteiro concentrados nos principais eixos da cidade, recepcionando com as bandeiras vermelhas da FMLN, as delegações estrangeiras. De manhã Funes tomará posse formal e à tarde a FMLN faz grande comício e festa popular no estádio de futebol da cidade, com capacidade normal de 45 mil pessoas, mais os espaços do gramado, que serão ocupados pelas delegações convidadas.O governo foi formado com participação do FMLN em postos essenciais – entre eles o Ministério de Governação, um espécie de ministério da Justiça, o de Educação, ocupado por Salvador Sanchez, o ex-comandante Leonel, eleito vice-presidente, assim como dois ex-prefeitos de São Salvador e o importante Ministério da Defesa. Funes terá minoria no Parlamento, onde a oposição reelegeu o presidente da Câmara, mas poderá contar com imenso apoio popular para desbloquear temas importantes. Por agora o Congresso já aprovou o projeto de lei de estabelecimento da gratuidade no ensino, que não existia anteriormente.Com o governo da FMLN se alastra um clima de diversidade ideológica e política na América Central, à qual se somam os governos de Honduras e da Nicarágua, ambos aderidos à Alba, situação que a região nunca tinha conhecido. Aguarda-se os discurso da manhã e da tarde de Funes, para saber que tom dará a seu governo.Por ser o menor pais do continente, El Salvador é chamado de pequeno polegar. Foi, durante muito tempo, a economia mais dinâmica da região, uma das poucas – junto com Costa Rica – que tinha conseguido um certo nível de desenvolvimento industrial, mesmo se seu comércio exterior – como o de todos os países centroamericanos – se centra na exportação de produtos primários, em geral agrícolas, de pouco valor no mercado internacional, uma das principais razões do atraso relativo desses paises no conjunto da América Latina.A passagem ao ciclo longo recessivo da economia internacional afetou duramente a El Salvador e a toda a América Central, contraindo suas exportações e fazendo mergulhar a região na sua pior crise econômica e social, comparável àquela dos anos 30.Nessa década surgiram os dois mais importantes lideres populares da Ameríca Central – Sandino, na Nicaragua, e Farabundo Marti, em El Salvador,ambos liderando setores camponeses e lutando contra as reiteradas intervenções militares norte-americanas. A luta dos sandinistas foi retomada nos anos 50 e desembocou, em 1979, na vitoria da insurreição que derrubou a longa ditadura dos Somoza.O triunfo teve conseqüências imediatas nos países vizinhos. A Guatemela, que havia tido um ciclo de guerrilhas rurais nos anos 60, retomou com força essa luta, assentada dessa vez na unificação das várias frentes guerrilheiras, à que se somou o Partido Comunista. El Salvador tinha alguns grupos clandestinos e o PC, mas foi com a vitória sandinista que se iniciou a luta armada, igualmente unificando os núcleos que se organizavam separadamente para a luta armada, à que também se somou o PC
Por Emir Sader

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