quinta-feira, setembro 25, 2014

terça-feira, setembro 16, 2014

Tratato geral das grandezas do ínfimo ( Manoel de Barros)

Tratado geral das grandezas do ínfimo

A poesia está guardada nas palavras — é tudo que eu sei.
Meu fado é o de não saber quase tudo.
Sobre o nada eu tenho profundidades.
Não tenho conexões com a realidade.
Poderoso para mim não é aquele que descobre ouro.
Para mim poderoso é aquele que descobre as insignificâncias (do mundo e as nossas).
Por essa pequena sentença me elogiaram de imbecil.
Fiquei emocionado.
Sou fraco para elogios.


sexta-feira, setembro 12, 2014

Washington estudió ofrecerle asilo político a su aliado Augusto Pinochet | Cubadebate

Washington estudió ofrecerle asilo político a su aliado Augusto Pinochet | Cubadebate

Marina, a verdade não é calúnia, por isto dói

Marina, a verdade não é calúnia, por isto dói


No princípio, Aécio era o predileto dos banqueiros. Houve a tragédia, veio Marina Silva e roubou-lhe o trono. O que cativou a banca não foram os xales da outrora seringueira. Tal e qual “Riobaldo” do Grande Sertão, Marina fez um pacto. Riobaldo, com o “Demo”; Marina, com os banqueiros. A banca largou Aécio na chapada por dois motivos: ele tem pouco voto e, além disso, porque a ex-ministra teve a proeza de se apresentar “mais” neoliberal do que o afilhado de FHC.


Por Adalberto Monteiro*

A travessia de Marina à margem direita vem de longe. Agora, completou a passagem. Fincou os pés na outra banda. E ao fazê-lo se tornou porta-bandeira do que há de pior no espectro da direita: a oligarquia financeira. Basta ler o programa da Rede-PSB, basta ouvir a pregação da candidata. Nessa última semana, a defesa da autonomia do Banco Central se tornou uma ladainha na boca da candidata da Rede-PSB. “O mais rápido possível”, tal e qual ela e Neca Setubal lavraram no plano de governo.


Por falar na senhora Setubal, nos últimos dias, os jornalões que recebem polpudas verbas publicitárias do Itaú-Unibanco escalaram um elenco de articulistas para saírem em defesa da referida senhora. Em madrigais chorosos, dizem que ela seria apenas uma indefensa educadora sob uma campanha difamatória. Sua parte no banco não seria tão grande assim, além do que há muito ela estaria a léguas dos negócios da família. Mas, convenhamos, não pobre o bastante que a tenha impedido de doar mais de R$ 1 milhão ao instituto Marina no ano de 2013. A senhora Setubal não é uma espécie de assessora espiritual de Marina Silva, mas, nada mais, nada menos do que a coordenadora do programa de governo da candidata. Só isto. Quem põe e tira compromissos ao sabor das pressões é Neca.


Uma festa de gala ocorrida na capital paulista, no último 3 de setembro, talvez ajude a esclarecer se são “calúnia” ou verdade os vínculos de Marina com o setor financeiro. Na festa dos 90 anos de fundação do Itaú-Unibanco, diante de mil convidados (executivos, rentistas, especuladores, etc.), Roberto Setubal, presidente desse que é o maior banco privado do país, fez da Sala São Paulo um palanque, e da festa um comício vip pró-Marina.


E dois episódios seguintes mostram que Marina – depois de pactuar com banqueiros locais – ajuíza compromissos também com banqueiros estrangeiros.


Primeiro: Também, em São Paulo, os principais coordenadores da campanha da candidata Marina reuniram-se, no último dia 8, com executivos do Bank of America Merrill Lynch (BofA). Uma plateia formada por 500 clientes do BofA ouviu atentamente os compromissos programáticos de Marina. Dizem os jornais que o seleto auditório saiu dali com um sorriso largo. “As propostas agradaram.” Além da autonomia do Banco Central, o cardápio suculento de promessas incluiu: administração de correção de preços (leia-se tarifaço), trajetória da inflação (juros altos), recuperação dos fundamentos do superávit primário (arrocho fiscal).


Segundo: A agência de rating Moody’s rebaixou a nota do Brasil. Essas agências se revelaram altamente suspeitas na crise econômico-financeira mundial que estourou em 2008. Muitas delas erraram deliberadamente seus prognósticos. O vínculo de seus chefes com conglomerados financeiros foi desnudado. Por manipular dados, alguns foram até para a cadeia. Pois bem, a quase 15 dias das eleições, tal agência resolve proclamar que o risco Brasil aumentou. Senha para nossa economia sofrer ataques especulativos da banca. Artimanha para oferecer, como aconteceu, manchetes garrafais contra o governo da presidenta Dilma. Uma mãozinha da cavalaria estrangeira à campanha de Marina. A ex-senadora, mais do que depressa, endossa o prognóstico da Moddy’s, faz coro ao oráculo da banca. Mas, isso não pode prejudicar o Brasil? Ao que parece pouco importa para Marina.


A presidenta Dilma segue orientada pela “tática da verdade”. Presta contas do que fez, apresenta suas propostas para o futuro e polemiza programaticamente com Marina Silva. A grande mídia distorce, chama isto de “pancadaria”, e Marina diz que é “tática do medo”. Contra uma peça publicitária da campanha de Dilma que esclarece os prejuízos da autonomia do BC, a Rede-PSB diz que vai aos tribunais contra o que ela chama de “calúnia” e “difamação”.


Mas a verdade é outra. Marina pactou com os magnatas das finanças e fez questão de alardear e até ostentar os compromissos que assumiu, e de exibir com pompa suas novas companhias, bem antagônicas às de sua origem. Viragem que a levou a sacar aquele disparate de que tanto Chico Mendes quanto Antônio Luiz Seabra, dono da Natura, são integrantes da “elite”.


O que Marina esperava? Salva de palmas, chuva de pétalas de rosa ante um Programa de governo que representa uma ameaça ao povo e ao país, posto que sela um pacto com os banqueiros, que ataca a política externa – fator de reforço da soberania nacional e de expansão do comércio exterior –, que recua de compromissos indispensáveis para que construamos uma sociedade sem preconceitos, que sinaliza deixar nas profundezas do oceano a riqueza do pré-sal, trunfo importante para financiar a saúde e educação?


Ninguém trai o povo impunemente, sobretudo se é filho, ou filha, dele. Marina fez sua escolha. Mudou de lado. Outro dia o jornal O Estado de S. Paulo, na sua edição online, estampou uma manchete: “Marina defende Neca Setubal e ataca PT”. Antes, uma lutadora do povo, defensora dos seringueiros, hoje defendendo os banqueiros. A rima é pobre, a traição é grande.



*Presidente da Fundação Maurício Grabois e editor da revista Princípios

Dilma (14/12/1947)


quarta-feira, setembro 03, 2014

Seis ardis da direita

SEIS ARDIS DA DIREITA.

1º ardil

O neoliberalismo preconiza o Estado mínimo

No capitalismo não existe Estado mínimo. Existe Estado social mínimo. Eles suprimem a palavra social ardilosamente para parecer que o Estado é enxuto, bem administrado, mínimo. 

Quando o Estado é socialmente mínimo, ele é capturado pelas empresas mais poderosas. Estado e capitalismo estão entrelaçados. A melhor análise dessa questão está no Livro "Estado e Forma Política" do jusfilósofo Alysson Leandro Mascaro onde ele diz que a natureza do capitalismo é tão exploratória quanto sofisticada e por isso necessita do aparato estatal para lhe dar o suporte.

Uma prova disso foi na crise de 2008 nos EUA quando os bancos começaram a quebrar e o Estado os socorreu.

2º ardil 

O modelo baseado no consumo se esgotou, é preciso mudar para o modelo que tenha como base o investimento.

Uma economia capitalista tem três pilares básicos: investimento, consumo e poupança. Quando dizem que uma economia baseada no consumo se esgotou é porque querem dar prioridade ao modelo exportador em detrimento do modelo baseado no mercado interno, podendo assim baixar os salários para aumentar o ganho dos empresários nas exportações. Ter como base o investimento significa que o Estado foi capturado pelos empresários que podem produzir para a exportação. 

Para nós, cidadãos comuns, interessa que os três pilares devem servir prioritariamente para o mercado interno e o excedente deve ser exportado. É assim em uma nação forte.

3º ardil

O governo Dilma está levando o Brasil ao comunismo.

A história demonstra que não se chega ao comunismo via eleições, mas através de revolução. A intenção é desmontar o Estado do bem estar social, a melhor construção social do capitalismo.


4º ardil

O Banco Central tem que ser independente

Não existe independência do Banco Central. Ou ele é subordinado ao governo eleito ou ele é subordinado ao poderoso setor financeiro privado que não está muito interessado na economia real do sistema produtivo do país, mas na economia virtual financeira.

5º ardil

A nova forma de fazer política

Sem uma profunda reforma política não se pode fazer nada de novo em política, ela continua sendo a tradicional política dos conchavos, das dívidas milionárias aos financiadores de campanha, dos caixas 2, dos acordos espúrios. 

6º ardil

Exaltar a CSN como um exemplo a ser seguido

A CSN exporta o ferro em estado bruto, ao invés de agregar valor produzindo vagões e trilhos. O Brasil importa vagões e trilhos porque a CSN segue os ditames da divisão internacional do trabalho determinada pelos países mais ricos. Assim o Brasil deve exportar a commodity ferro e não os bens industriais de valor agregado como o vagão e o trilho que fica por conta de ricas multinacionais estrangeiras. Se os proprietários da CSN fossem nacionalistas contrariariam os ditames da divisão internacional do trabalho produzindo o que proporcionasse mais riqueza para a nação.  

terça-feira, setembro 02, 2014

Plebiscito popular pela reforma do sistema político

Plebiscito popular pela reforma do sistema político

Entre os dias 1º e 7 de setembro será realizado um plebiscito popular por uma Assembleia Constituinte Exclusiva e Soberana do Sistema Político.

por Emir Sader em 31/08/2014 às 06:11



Emir Sader


1. Está convocado um plebiscito popular, entre os dias 1 e 7 de setembro, por uma Assembleia Constituinte Exclusiva e Soberana do Sistema Político.

2. No atual sistema político, as empresas financiam mais de 90% dos recursos das campanhas eleitorais, os eleitos são controlados pelos interesses delas e não dos cidadãos que votaram.

3. Como resultado disso embora sejam apenas 3% da população, os empregadores tem 49% dos representantes na Câmara dos Deputados. Enquanto que os empregados, embora sejam 61% da população, tem apenas 19% dos representantes. Os brancos, sendo 48% da população, tem 92% dos representantes. Os pretos e pardos, sendo 51% da população, tem apenas 8% dos representantes. Os jovens (até 34 anos) são 58% da população, mas apenas 7% no Câmara de Deputados. Os não jovens, de mais do que 34 anos, sao 42% da sociedade, mas tem 93% dos deputados. As mulheres sao 51% da população, mas tem apenas 8% da representação na Câmara, enquanto os homens, sendo 49% da população, tem 92%.

4. A media de gasto de campanha dos candidatos a deputado federal eleitos é de um milhão de reais. Em alguns estados, como São Paulo, o gasto chega a 4 milhões.

5. Esses gastos vem das empresas, que contam com um retorno no comportamento dos parlamentares no Congresso na defesa dos seus interesses. Só a Friboi tem 41 deputados e 7 senadores financiados na ultima eleição. Em 2012 as construtoras Andrade Gutierrez. Queiroz Galvão e OAS lideraram o ranking de doações privadas nas eleições municipais somando 18% do total doados por empresas.

6. Na eleição atual, entre os 25.329 candidatos, ha 3658 candidatos jovens, 7656 mulheres, 2335 negros, 2349 empresários, 189 latifundiários e apenas 24 trabalhadores rurais.

7. Estão travados nesse Congresso projetos importantes para o povo, como o da redução da jornada de trabalho para 40 horas sem redução dos salários. O da expropriação de terras, para efeito de reforma agrária, onde for flagrado trabalho escravo. O de salário igual para trabalho igual entre homens e mulheres. 

8. O Plesbicito consulta a vontade do povo sobre a convocação de uma Assembleia Constituinte exclusiva e soberana para mudar o sistema político, terminando com o financiamento privado e instituindo o financiamento publico. Alem de promover o voto por lista, que fortalece os partidos, a cota de candidatos mulheres e jovens.

9. No ultimo dia de votação, 7 de setembro, se realizará o 20º Grito dos Excluídos, com manifestações de rua por todo o Brasil.

10. A Secretaria Nacional de coordenação do Plebiscito está situada na Rua Caetano Pinto 575, Brás, na cidade de Sao Paulo. Seu telefone é o 11-21089336. Seu e-mail: plebiscitoconstituinte@gmail.com. O facebook é o: facebook.com/plebiscitoconstituinte.

O BRASIL E OS PRÓXIMOS ANOS

Leia aqui o artigo de Mauro Santayana

segunda-feira, setembro 01, 2014

Dos temas polêmicos

Dos temas polêmicos

Nos dois textos anteriores -  "Da retórica e do essencial"  e  "De olhos bem abertos" - foram abordadas as diferenças de estratégia política-econômica, de um lado, do governo Dilma e, de outro, numa eventual vitória de Marina ou de Aécio.

Agora tentaremos esclarecer as diferenças no que concerne aos grandes temas polêmicos de interesse das sociedades mundiais contemporâneas.

Dilma considera a religião uma questão estritamente pessoal, de foro íntimo e propugna um Estado laico que represente o espírito republicano contemporâneo, tal como suponho que seja o governo Aécio nestes temas. Já Marina, conta orgulhosamente com a poderosa bancada evangélica de perfil fundamentalista messiânico, sendo ela própria uma fiel da milionária igreja da Assembleia de Deus. 

Temas socialmente polêmicos como aborto, drogas, maconha, gays e grupos minoritários, violência, estudo sobre células troncos, etc. devem ser solucionados sob uma abordagem multidisciplinar com o equilíbrio de pesos na discussão, incluíndo aí também a religião, sem a hegemonia de qualquer uma delas como soe ser em um Estado laico. 

Ernest Renan, historiador e filólogo francês, disse certa vez: "Uma nação é uma alma, um princípio espiritual. Duas coisas constitutem uma nação: uma é a posse de um rico legado de lembranças; a outra é o consentimento atual, o desejo de viver juntos, a vontade de seguir apreciando a herança que se recebeu como uma posse commum"

Este é o princípio que devemos perseguir porque é daí que nascem a pluralidade, a tolerância, o respeito à individualidade e potencialidade de cada um de nós.

Da retórica e do essencial


Da retórica e do essencial

Não somos nem Dirceu Borboleta nem as irmãs Cajazeiras (Doroteia, Dulcineia e Judiceia) que sucumbiram à retórica de Odorico Paraguaçu em Sucupira, cidade fictícia criada por Dias Gomes na telenovela O Bem-Amado. 

A retórica de um candidato não é o essencial na discussão sobre o Brasil que queremos. O essencial é o questionamento a respeito da natureza do Estado: se um Estado social com soberania popular e seu corolário na política econômica que é o capitalismo de matiz keynesiano (social democrata), atualmente adotado e que nos mantem à margem da grande crise mundial de 2008; ou então o que os programas dos dois postulantes da oposição estão nos oferecendo como alternativa que é um Estado neoliberal, capturado pelas grandes corporações e seu corolário na política econômica que é o ultracapitalismo, o de matiz neoliberal, fundamentado pelo Consenso de Washington, que originou esta crise que corroe as economias dos países do capitalismo central.

As duas são estratégias apresentadas pelo capitalismo, já que este é o sistema econômico adotado pela sociedade brasileira através da Constituição Federal de 1988, e não podemos fugir dele, a não ser por revolução.

A disputa entre Dilma e Marina é da mesma natureza da disputa entre Dilma e Aécio. É uma disputa não só de poder, mas de estratégias política-econômica diferentes. Já a disputa entre Aécio e Marina é única e exclusivamente uma disputa de poder porque na estratégia são iguais.

Votar na Marina ou no Aécio é igual no que concerne à estratégia de economia política, ambos são neoliberais. A diferença aparece quando se trata dos temas polêmicos que hoje as sociedades mundiais demandam soluções bem estudadas multidisciplinarmente, tais como as questões relativas ao aborto, às drogas, aos gays e grupos minoritários, à violência, etc. Nesses temas o programa da Marina é pressionado pela bancada evangélica - ela própria uma fiel da Assembleia de Deus - e recebe grande influência do pastor Silas Malafaia, portanto é mais conservador. 

Como ensina Peter Drucker: "Através das suas retóricas, os administradores tornaram impossível ao público compreender a realidade econômica".

De Olhos bem abertos

De olhos bem abertos

Há dois discursos da Marina que são claramente falaciosos: 1. o da “nova forma de fazer política” 2. o da “mudança para o novo.”

Sobre o primeiro, é impossível no Brasil atual se fazer o novo numa eleição, chegar ao poder e exercê-lo sem uma profunda reforma política. Já na primeira etapa, a da eleição, ela está absolutamente igual a tudo o que é velho, ela é financiada pelo Itaú e pela Natura, corporações gigantes que tem negócios milionários no sistema financeiro. Estes gigantes não fazem de graça, cobrarão a fatura se ela ganhar.

Sobre o segundo, é verdade que haverá mudança, mas para o passado neoliberal, não de Estado "mínimo", como ardilosamente apregoam, mas de Estado social mínimo, porque será capturado pelos grandes interesses financeiros, portanto um Estado neoliberal máximo.

Dentro do capitalismo não existe Estado mínimo. O Estado é o capitalismo, o capitalismo é o Estado. Essa afirmação é tão forte que precisa de explicação e ela foi explicada no livro “Estado e Forma Política” do jusfilósofo Leandro Alysson Mascaro. Em uma síntese muito resumida: a lógica do capitalismo é tão exploratória quanto sofisticada que é necessário um aparato como o Estado para dar-lhe o suporte.


O que está em jogo nessas eleições é a disputa entre projetos com suas diferentes estratégias de economia política:  1. O Estado social e sua estratégia social-democrata, pró sociedade (Dilma); 2. O Estado neoliberal e sua estratégia de mesmo nome, neoliberal, pró corporações (Marina e Aécio).