quinta-feira, maio 29, 2008

Sobre proibições políticas e econômicas




“Nada estabelece limites tão rígidos à liberdade de uma pessoa quanto a falta de dinheiro.” (John Kenneth Galbraith)

Carlos Henrique de Pontes Vieira

Acompanho a revolução cubana desde os seus primórdios. Não apenas a acompanho, mas admiro o fabuloso empreendimento de uma nação tão pequena, pobre e espoliada resgatar a sua dignidade e ser senhora de sua própria história, enfrentando face a face a hostilidade belicosa do mais poderoso império jamais visto pela humanidade.

No início era mais difícil o acesso ao confronto de notícias, pois uma só era a fonte distorcida pela ideologia que nos domina. Hoje, com a internet, podemos acessar os vários sites alternativos e ler, por exemplo, o pensamento vivo de Fidel Castro com seu surpreendente vigor intelectual, já que é um homem com mais de oitenta anos e de saúde frágil.

Nesse confronto, podemos ver com clareza a notícia truncada. Uma delas se refere à proibição de acesso dos cubanos aos hotéis estrangeiros. A notícia era essa e ponto. As razões para essa medida proibitiva os nossos jornais omitiam.

Em um de seus artigos nas “Reflexões do Companheiro Fidel”, fico sabendo que a medida política foi tomada para solucionar o problema da prostituição infantil, advinda do turismo sexual, tão bem conhecido entre nós. Aliás, medida bem sucedida, diga-se de passagem, portanto, já justificada.

Entretanto, em acaloradas discussões, meus antagônicos, sem sopesar os bens da vida para a formação de uma sociedade minimamente saudável – aqui vale lembrar que um dos bens a sopesar é a preservação da plenitude da infância, o outro é a liberdade de ir e vir em uma determinada faixa territorial – pois bem, meus opositores argumentavam do absurdo autoritário, medida política limitadora das liberdades humanas.

Fico com Fidel Castro e com John Kenneth Galbraith, citado acima em epígrafe lapidar. Tem sido o nosso caso, nação das dez piores do planeta em distribuição de renda que se arvora de sua democracia burguesa e se esquece dos rígidos limites impostos pela falta de dinheiro a uma parcela majoritária de sua população.