quinta-feira, novembro 24, 2011

O manifesto português "Mudança de Rumo"


Sintomaticamente, no manifesto, que poderia ser assinado por lideranças de várias partes do mundo, afirma-se: 

"Não podemos assistir impávidos à escalada da anarquia financeira internacional. Não podemos saudar democraticamente a chamada Primavera Árabe e temer nossas próprias ruas e praças." 


Mário Soares reforça: 


"Fizemos muitos sacrifícios e estamos pior do que estávamos. Por isso é preciso mobilizar as pessoas. Para que digam 'não', não se pode fazer o que mandam os mercados , que são especuladores. Os Estados tem que dominar os mercados e não o contrário".

Tupac Amaru


Dia 8 de Dezembro (quinta) às 20 horas
Local: Cinemateca Brasileira
Direção: Federico García Hurtado
Elenco: Reynaldo Arenas, Zully Azurin, Carlos Cano de la Fuente
Origem: Cuba | Peru
Duração: 95 min
Legenda em português
Ano: 1984

O filme conta a história de um herói da luta pela libertação da América Latina. Tupac Amaru liderou uma revolta popular que abalou os alicerces da dominação colonial e oligarquica. Derrotado, preso, torturado, foi brutalmente assassinado em 1781. Considerado um dos mais importantes filmes políticos da América Latina, recebeu o prêmio da Associação de Cineastas Latino-americanos em Havana (1985) e a Menção Honrosa no Festival de Cinema de Londres (1986). Co-produzido com o Instituto Cubano del Arte y la Industria Cinematográficos (ICAIC), contou com a participação de organizações populares de Cusco no Perú.

Federico García Hurtado iniciou sua carreira nos anos 1960 com Huando, Tierra sin patrones e Inkari. Em 1975 dirigiu Donde nacen los cóndores.  Outro destaque de sua obra é “Melgar, sangre de poeta” (1982), que trata da vida de outro herói independentista.  Mais recentemente esteve à frente da produção da mini-série chamada “El Amauta” sobre a juventude do líder comunista peruano José Carlos Mariategui.  


sexta-feira, novembro 18, 2011

quinta-feira, novembro 17, 2011

Lula, os pelos e a pele


Em mais de trinta anos de vida política, Lula foi virado no avesso pelo conservadorismo nativo. A direita e seus ventríloquos  midiáticos , com maior ou menor dose de recato,e em alguns casos sem nenhum ,  submeteram  a sua alma, seu coração e seus pensamentos, ademais de manifestações  explícitas de natureza política, a uma tomografia ininterrupta.  Lula ficou nu. Não escaparam seu passado e o futuro --especulado e várias vezes sepultado precocemente , bem como o presente dos parentes próximos ou distantes, amigos , companheiros e colaboradores mais estreitos.  A sofreguidão  frustrou-se a cada golpe desmascarado, cada fraude  e calúnia esfareladas.  A cada suposto revés  definitivo o vínculo  do líder com a sociedade estreitou-se. De um lado cresceu o mito; de outro, recrudesceu o ódio respingado agora da boca dos mais afoitos no episódio do câncer  que o acometeu. O segredo de sua liderança, como ele próprio sintetizou um dia a seu modo, decorre de ser uma assumida construção coletiva do povo brasileiro com o qual estabeleceu um vínculo feito de lutas, conquistas, erros e acertos.  Ao se depilar  publicamente agora pelas mãos da esposa, antecipando-se a colaterais da quimioterapia,  Lula  reitera a confiança nesse laço que se sobrepõe às aparências e às versões. Ontem, ele  foi vital para vencer o cerco político. Hoje , emanará energia positiva por parte daqueles que sabem enxergar além das aparências: Lula raspou pelos, mas não trocou de pele.

O Capitalismo e a miséria americana


Mauro Santayana

O capitalismo, dizem alguns de seus defensores, foi uma grande invenção humana. De acordo com essa teoria, o sistema nasceu da ambição dos homens e do esforço em busca da riqueza, do poder pessoal e do reconhecimento público, para que os indivíduos se destacassem na comunidade, e pudessem viver mais e melhor à custa dos outros. Todos esses objetivos exigiam o empenho do tempo, da força e da mente. Foi um caminho para o que se chama civilização, embora houvesse outros, mais generosos, e em busca da justiça. Como todos os processos da vida, o capitalismo tem seus limites. Quando os ultrapassa no saqueio e na espoliação, e isso tem ocorrido várias vezes na História, surgem grandes crises que quase sempre levam aos confrontos sangrentos, internos e externos.

A revista Foreign Affairs, que reflete as preocupações da intelligentsia norte-americana (tanto à esquerda, quanto à direita) publica, em seu último número, excelente ensaio de George Packer – The broken contract; Inequality and American Decline. Packer é um homem do establishment. Seus pais são professores da Universidade de Stanford. Seu avô materno, George Huddleston, foi representante democrata do Alabama no Congresso durante vinte anos.

O jornalista mostra que a desigualdade social nos Estados Unidos agravou-se brutalmente nos últimos 33 anos – a partir de 1978. Naquele ano, com os altos índices de inflação, o aumento do preço da gasolina, maior desemprego, e o pessimismo generalizado, houve crucial mudança na vida americana. Os grandes interesses atuaram, a fim de debitar a crise ao estado de bem-estar social, e às regulamentações da vida econômica que vinham do New Deal. A opinião pública foi intoxicada por essa idéia e se abandonou a confiança no compromisso social estabelecido nos anos 30 e 40. De acordo com Packer, esse compromisso foi o de uma democracia da classe média. Tratava-se de um contrato social não escrito entre o trabalho, os negócios e o governo, que assegurava a distribuição mais ampla dos benefícios da economia e da prosperidade de após-guerra - como em nenhum outro tempo da história do país.

Um dado significativo: nos anos 70, os executivos mais bem pagos dos Estados Unidos recebiam 40 vezes o salário dos trabalhadores menos remunerados de suas empresas. Em 2007, passaram a receber 400 vezes mais. Naqueles anos 70, registra Packer, as elites norte-americanas se sentiam ainda responsáveis pelo destino do país e, com as exceções naturais, zelavam por suas instituições e interesses. Havia, pondera o autor, muita injustiça, sobretudo contra os negros do Sul. Como todas as épocas, a do após-guerra até 1970, tinha seus custos, mas, vistos da situação de 2011, eles lhe pareceram suportáveis.

Nos anos 70 houve a estagflação, que combinou a estagnação econômica com a inflação e os juros altos. Os salários foram erodidos pela inflação, o desemprego cresceu, e caiu a confiança dos norte-americanos no governo, também em razão do escândalo de Watergate e do desastre que foi a aventura do Vietnã. O capitalismo parecia em perigo e isso alarmou os ricos, que trataram de reagir imediatamente, e trabalharam – sobretudo a partir de 1978 – para garantir sua posição, tornando-a ainda mais sólida. Trataram de fortalecer sua influência mediante a intensificação do lobbyng, que sempre existiu, mas, salvo alguns casos, se limitava ao uísque e aos charutos. A partir de então, o suborno passou a ser prática corrente. Em 1971 havia 141 empresas representadas por lobistas em Washington; em 1982, eram 2445.

A partir de Reagan a longa e maciça transferência da renda do país para os americanos mais ricos, passou a ser mais grave. Ela foi constante, tanto nos melhores períodos da economia, como nos piores, sob presidentes democratas ou republicanos, com maiorias republicanas ou democratas no Congresso. Representantes e senadores – com as exceções de sempre – passaram a receber normalmente os subornos de Wall Street. Packer cita a afirmação do republicano Robert Dole, em 1982: “pobres daqueles que não contribuem para as campanhas eleitorais”.

Packer vai fundo: a desigualdade é como um gás inodoro que atinge todos os recantos do país – mas parece impossível encontrar a sua origem e fechar a torneira. Entre 1974 e 2006, os rendimentos da classe média cresceram 21%, enquanto os dos pobres americanos cresceram só 11%. Um por cento dos mais ricos tiveram um crescimento de 256%, mais de dez vezes os da classe média, e quase triplicaram a sua participação na renda total do país, para 23%, o nível mais alto, desde 1928 – na véspera da Grande Depressão.

Esse crescimento, registre-se, vinha de antes. De Kennedy ao segundo Bush, mais lento antes de Reagan, e mais acelerado em seguida, os americanos ricos se tornaram cada vez mais ricos.

A desigualdade, conclui Packer, favorece a divisão de classes, e aprisiona as pessoas nas circunstâncias de seu nascimento, o que constitui um desmentido histórico à idéia do american dream.

E conclui: “A desigualdade nos divide nas escolas, entre os vizinhos, no trabalho, nos aviões, nos hospitais, naquilo que comemos, em nossas condições físicas, no que pensamos, no futuro de nossas crianças, até mesmo em nossa morte”. Enfim, a desigualdade exacerbada pela ambição sem limites do capitalismo não é apenas uma violência contra a ética, mas também contra a lógica. É loucura.

Ao mundo inteiro – o comentário é nosso- foi imposto, na falta de estadistas dispostos a reagir, o mesmo modelo da desigualdade do reaganismo e do thatcherismo. A crise econômica mais recente, provocada pela ganância de Wall Street, não serviu de lição aos governantes vassalos do dinheiro, que continuaram entregues aos tecnocratas assalariados do sistema financeiro internacional. Ainda ontem, Mário Monti, homem do Goldman Sachs, colocado no poder pelos credores da Itália, exigia do Parlamento a segurança de que permanecerá na chefia do governo até 2013, o que significa violar a Constituição do país, que dá aos representantes do povo o poder de negar confiança ao governo e, conforme a situação, convocar eleições.

Tudo isso nos mostra que estamos indo, no Brasil, pelo caminho correto, ao distribuir com mais equidade a renda nacional, ampliar o mercado interno, e assim, combater a desigualdade e submeter a tecnocracia à razão política. É necessário, entre outras medidas, manter cerrada vigilância sobre os bancos privados, principalmente os estrangeiros, que estão cobrindo as falcatruas de suas instituições centrais com os elevados lucros obtidos em nosso país e em outros países da América Latina.

A luminosidade de Lula


A imagem que hoje correu a internet  – e não pode ser evitada nas primeiras páginas dos jornais de amanhã – traz uma sensação que é difícil traduzir com outra palavra que não seja luminosidade.
Porque é isso o que ela faz de algo triste, difícil e preocupante como um tratamento quimioterápico para um câncer.
O fato, porém, é que Lula não precisa mais  dos cabelos e da barba que se tornaram seus símbolos desde que surgiu na vida do país, no final dos anos 70, liderando greves no ABC.
Transcendeu o líder sindical, o fundador do PT, o candidato à presidência em várias eleições, transcendeu o próprio cargo de Presidente que exerceu.
Lula tornou-se a imagem de um projeto de Brasil.
Capaz de sorrir na adversidade, porque se sabe mais forte que ela.
Capaz de enfrentar a dificuldade , porque se sabe melhor do que ela.
Porque sabe que encarna um destino, que sim, é algo que transcende a um homem, a um líder, a um mortal como todos nós.
E este destino, o destino do povo brasileiro, é o de realizar-se como ele mesmo é, sem medo do que der e vier.
Sem medo de ser feliz.

quinta-feira, novembro 10, 2011

MENSAGEM AOS “HERÓICOS” TRUCIDADORES DE CRIANÇAS


Mauro Santayana

Circula pela internet vídeo de alguns segundos, que mostra duas crianças de Sirte, sendo atendidas em algum lugar que lembra um ambulatório improvisado. São o menino, de cinco ou seis anos, e a menina, de idade parecida. O menino grita de dor, ainda que tenha as duas mandíbulas, o queixo e a garganta dilacerados, provavelmente por estilhaços de bomba. A menina está em silêncio, olhando o nada, como se o nada pudesse explicar-lhe o sofrimento do menino, e o calcanhar arrancado, o pé quase pendente da perna.

Como veterano jornalista, que cobriu crimes bárbaros e acidentes terríveis, e a dura experiência de guerras civis e invasões militares - mas acima de tudo, como pai e avô - confesso que nada foi tão fundo na minha tristeza do que a imagem das crianças de Sirte.
Das ainda vivas, e das mortas da família Khaled. Foi possível imaginar as milhares de outras crianças, mortas e feridas, na Líbia, no Afeganistão, no Iraque, na Palestina. Diante das cenas, revi o Presidente Barack Obama, sua elegante mulher e suas duas filhas, lindas, sorridentes, que o pai presenteou com um cão, para que o fizessem passear pelos jardins da Casa Branca. Revi-as viajando pelo mundo, e visitando escolas na África e na América Latina. E fiquei sabendo da alegria de Monsieur Sarkozy em ser novamente pai. Em sua relativa juventude, marido de uma cantora jovem, famosa e bela, o presidente da França terá, é o que todos esperamos, anos felizes ao lado da filha. Irá conduzi-la pela mão entre os canteiros dos jardins de Paris, e, se as coisas da política lhe permitirem, a ela contará passagens de sua própria infância. Ouvirá a mulher, com sua voz magnífica, cantar-lhe as mais belas berceuses. E quando ela ficar mocinha, se enlevará com as canções de sua mãe, como “Quelqu’un m’a dit”, e seus versos abertos: “Alguém me disse que nossas vidas não valem grande coisa/ Passam em um instante, como fenecem as rosas”.

A idéia que associa a morte das crianças – no caso, uma menina – à brevidade das rosas, é de Malherbe, o grande poeta francês dos séculos 16 e 17, a quem se atribui a invenção do francês literário. Ele escreveu seu famoso poema para consolar um amigo que perdera a filha de seis anos, e resume a homenagem à menina, que se chamava Rose, no verso conhecido: “E, rosa, ela viveu o que vivem as rosas, o espaço de uma manhã”.

Uma criança morta, muçulmana ou judia, negra ou nórdica, de fome, de endemias ou de acidentes, em qualquer parte do mundo, é uma violência insuportável contra a vida. As crianças mortas em guerras são insulto às razões da vida, e uma grande dúvida sobre a existência de Deus – a não ser a do Deus dos Exércitos.

David Cameron, parceiro e competidor de Sarkozy na aventura líbia, é um pai que sofreu a dolorosa perda de um filho, Ivan, também aos seis anos – em fevereiro de 2009, acometido de uma forma rara de epilepsia. Não é possível que, diante das cenas de Sirte, e na lembrança do filho, não sinta, no coração, o peso de sua culpa, ao usar as armas britânicas, nos bombardeios sistemáticos contra as cidades líbias – entre elas, Sirte, a que mais sofreu, e sem trégua, com as bombas e mísseis. A Líbia e as outras nações da região foram bombardeadas e ocupadas pelas nações mais poderosas do Ocidente porque têm suas areias encharcadas de petróleo. O petróleo, na visão dessas nações, é um dos direitos humanos dos ricos e bem armados.

A espécie humana só sobrevive porque ela se renova em cada criança que nasce. Como nas reflexões de Riobaldo, em uma vereda do grande sertão, diante da paupérrima mulher que dá à luz: não chore não, dona senhora; uma criança nasceu, o mundo começou outra vez.

Os doutores em jornalismo atual, que recomendam textos frios, podem ver nessas reflexões o inútil sentimentalismo de um veterano - diante da realidade do mundo. Mas houve um tempo, e não muito distante, em que o jornalismo era solidário com o sofrimento dos mais débeis, com os perseguidos e famintos de pão e de justiça.

Enfim, God bless America. E God save the Queen.

Medios británicos venden imágenes idílicas de la guerra genocida en Libia (+ Fotos y Video)

Medios británicos venden imágenes idílicas de la guerra genocida en Libia (+ Fotos y Video)

sábado, novembro 05, 2011

IDH, Pan, embargo e mídia.


"A dúvida é o princípio da sabedoria" (Aristóteles)


Saiu o IDH de 2011. Todos os anos espero ansiosamente a sua divulgação para constatar as discrepâncias da mídia. Este ano a ONU o divulgou quase que simultaneamente com o  encerramento dos jogos Panamericanos. Mais uma vez confirmaram-se as contradições  entre  os números do IDH e de medalhas obtidas por determinados países nos jogos e o que a mídia, sistematicamente, martela execrando esses mesmos países e seus governantes.

O IDH é o Indice de Desenvolvimento Humano elaborado pela ONU que leva em consideração indicadores de expectativa de vida, escolaridade e renda per cápita de 187 países.

Os jogos Panamericanos tem como critério de classificação a quantidade de medalhas de ouro obtidas ao longo do certame.

O esporte é um setor que reflete o bom índice de desenvolvimento humano, já que a sua excelência só é possível se houver saúde e bem estar generalizados.

Há ainda um registro da ONU em que ela mede o grau de felicidade de um povo. A Noruega venceu com a nota de 7,6. A Venezuela, país governado pelo satanizado Hugo Chàvez e que, segundo a mídia, seria um dos piores lugares do mundo para se viver, obteve a nota 7,5. Já o nosso grau de felicidade foi registrado em 6,8.

A Argentina, também massacrada pela mídia desde que os "populistas" Kirchners ascenderam ao poder, foi contemplada com a 45a. posição no IDH.

O Iraque, ocupado há oito anos pelo "grande benfeitor" da humanidade, amarga a 132a. posição, enquanto a Líbia, governada pelo agora abominável ditador Kadafi recentemente executado com o auxílio da OTAN, está na 64a. posição, 23 degraus à frente da Colômbia que é o país da América Latina mais próximo politica e ideologicamente dos Estados Unidos e até bem recentemente governado pelo elogiadíssimo Álvaro Uribe.

Mas o exemplo mais notório das tais discrepâncias é Cuba. Para a mídia, a Ilha vem despencando ladeira abaixo, sem mérito, sem legitimidade, economia fracassada, insatisfação social e politica, o diabo a quatro. Pois bem, no Pan ela arrebata nada mais, nada menos que 58 medalhas de ouro - dez a mais que o Brasil - mantendo o 2o. lugar desde 1971, mas nos jogos de Havana em 1991 ficou em 1o. lugar, com 140 medalhas de ouro, batendo os Estados Unidos, com 130; e no IDH vem resistindo há anos, pelo menos desde que a acompanho, na 51a. posição, poucos degraus abaixo do grupo de países com os melhores IDHs, mas trinta e tres degraus acima de nós.

Entretanto, a ideologia que nos domina vem detratando a prodigiosa ilha que sofre as agruras de um embargo genocida há 50 anos.

E por falar em embargo, ela também acaba de vencer na ONU, pelo vigésimo ano consecutivo, o grande império por 186 votos a seu favor - contra o embargo - e apenas 2 minguados votos contra a ilha, um deles do próprio império e o outro de Israel, seu protetorado.

Diante de tanta discrepância, a dúvida segue sendo o princípio da sabedoria, como nos aconselha o velho e bom Aristóteles. A bem da verdade, não entendo como ainda resiste a credibilidade desta mídia.


quinta-feira, novembro 03, 2011

Lula agradece pelo apoio recebido

IDH: Brasil avança uma posição e fica em 84º

Índice de Desenvolvimento Humano brasileiro tem ligeira alta em novo ranking, com número recorde de países, e permanece na categoria 'elevada'. Expectativa de vida e renda avançam. Escolaridade, não. Entre BRICS, Brasil ainda perde para Rússia. Desempenho é inferior à média da América Latina, que coloca à frente Chile, Argentina, Uruguai, Cuba, Venezuela, Equador, Costa Rica, Peru, Trinidad e Tobago...

Najla Passos

BRASÍLIA – No primeiro ano do governo Dilma Rousseff, o Brasil ganhou uma posição no ranking de desenvolvimento humano das Nações Unidas e atingiu 84ª colocação, entre 187 países. O atual Índice de Desenvolvimento Humano brasileiro (IDH) é categorizado como “elevado”. Os 47 primeiros do ranking, que é liderado pela Noruega, possuem desenvolvimento “muito elevado”.

Os dados do IDH estão sendo divulgados mundialmente pelo Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (Pnud) nesta quarta feira (02), em Copenhague, capital da Dinamarca. Foram distribuídos com antecedência a jornalistas, para que a imprensa tivesse tempo de preparar reportagens. O combinado era que as matérias só fossem publicadas a partir das 9h deste feriadão.

O ranking 2011 do IDH tem número recorde de países – eram 169 em 2010. Para permitir a comparação entre um ano e outro apesar da ampliação da lista, o Pnud refez o ranking 2010, que pela primeira vez viu o Brasil entrar para o grupo de desenvolvimento “elevado”.

No ano passado, o Brasil estava em 73º, com IDH de 0,699. Ao incluir os 18 novos países no ranking 2010, com dados relativos ao ano passado, o país pulou para 85º. Daí ter avançado uma posição agora, quando o índice subiu a 0,718. Líder Noruega tem 0,943, seguida de Austrália (0,929) e, empatados, Holanda e Estados Unidos (0,910). Na rabeira, aparecem Burundi (0,316), Níger (0,295) e Congo (0,286).

O IDH é calculado a partir de dados referentes a saúde, educação e renda. De 2010 para 2011, subiram a expectativa de vida (de 73,1 anos para 73,5 anos) e a renda (de US$ 9,8 mil para US$ 10,1 mil), mas a escolaridade e a expectativa de tempo de estudos, não (permaneceram em 7,2 anos e 13,8 anos, respectivamente).

Segundo o chefe do grupo de pesquisas do Relatório de Desenvolvimento Humano (RDH) do Pnud em Nova York, José Pineda, o equilíbrio entre as três áreas (saúde, educação e renda) é a principal explicação para o desempenho brasileiro no IDH. E demonstraria que o governo estaria acertando em suas políticas pró-crescimento.

Já o consultor do RDH no Brasil, Rogério Borges, destaca a evolução na expectativa de vida como fato mais positivo. “Este indicador reflete uma série de medidas de impacto na saúde da população, como melhorias no saneamento, queda na mortalidade infantil, materna, nos índices de violência e melhorias de infra-estrutura, com saneamento”, diz.

Desde 1980, o IDH brasileiro melhorou 31%. Apesar disso, o atual índice está abaixo da média dos vizinhos de América Latina e Caribe - se fosse um país, a região estaria na posição 76.

Estão à frente do Brasil, em IDH, Chile (44º no ranking), Argentina (45º), Uruguai (48º), Cuba (51º), Bahamas (53º), México (57º), Panamá (58º), Antígua e Barbuda (60º), Trinidad e Tobago (62º), Costa Rica (69º), Venezuela (73º), Jamaica (79º), Peru (80º), e Equador (83º).

terça-feira, novembro 01, 2011

Malditos comunistas !

José Roberto Torero


Em Cuba, se você tiver aptidão para o esporte, vai poder se desenvolver com total apoio do estado. Pô, assim não vale! Do jeito que eles fazem, com escolas para todos, professores especializados e centros de excelência gratuitos, é moleza. Quero ver é fazer que nem a gente, no improviso. Aí, duvido que eles ganhem de nós. Duvido!

Acabaram os jogos Pan-Americanos e mais uma vez ficamos atrás de Cuba.

Mais uma vez!

Isso não está certo. Este paiseco tem apenas 11 milhões de habitantes e o nosso tem 192 milhões. Só a Grande São Paulo já tem mais gente que aquela ilhota.

Quanto à renda per capita, também ganhamos fácil. A deles foi de reles 4,1 mil dólares em 2006. A nossa: 10,2 mil dólares.

Pô, se possuímos 17 vezes mais gente do que eles e nossa renda per capita é quase 2,5 vezes maior, temos que ganhar 40 vezes mais medalhas que aqueles comunas.

Mas neste Pan eles ganharam 58 ouros e nós, apenas 48.

Alguma coisa está errada. Como eles podem ganhar do Brasil, o gigante da América do Sul, a sétima maior economia do mundo?

Já sei! É tudo para fazer propaganda comunista.

A prova é que, em 1959, ano da revolução, Cuba ficou apenas em oitavo lugar no Pan de Chicago. Doze anos depois, no Pan de Cáli, já estava em segundo lugar. Daí em diante, nunca caiu para terceiro. Nos jogos de Havana, em 1991, conseguiu até ficar em primeiro lugar, ganhando dos EUA por 140 a 130 medalhas de ouro.

Sim, é para fazer propaganda do comunismo que os cubanos se esforçam tanto no esporte. E também na saúde (eles têm um médico para cada 169 habitantes, enquanto o Brasil tem um para cada 600) e na educação (a taxa de alfabetização deles é de 99,8%). Além disso, o Índice de Desenvolvimento Humano de Cuba é 0,863, enquanto o nosso é 0,813.

Tudo para fazer propaganda comunista!

Aliás, eles têm nada menos do que trinta mil propagandistas vermelhos na cultura esportiva. Ou professores de educação física, se você preferir. Isso significa um professor para cada 348 habitantes. E logo haverá mais ainda, porque eles têm oito escolas de Educação Física de nível médio, uma faculdade de cultura física em cada província, um instituto de cultura física a nível nacional e uma Escola Internacional de Educação Física e Desportiva.

 Há tantos e tão bons técnicos em Cuba que o país chega a exportar alguns. Nas Olimpíadas de Sydney, por um exemplo, havia 36 treinadores cubanos em equipes estrangeiras.

E existem tantos professores porque a Educação Física é matéria obrigatória dentro do sistema nacional de educação.

Até aí, tudo bem. No Brasil a Educação Física também é obrigatória.

A questão é que, se um cubano mostrar certo gosto pelo esporte, pode, gratuitamente, ir para uma das 87 Academias Desportivas Estaduais, para uma das 17 Escolas de Iniciação Desportiva Escolar (EIDE), para uma das 14 Escolas Superiores de Aperfeiçoamento Atlético (ESPA), e, finalmente, para um dos três Centros de Alto Rendimento.

Ou seja, se você tiver aptidão para o esporte, vai poder se desenvolver com total apoio do estado.

Pô, assim não vale!

Do jeito que eles fazem, com escolas para todos, professores especializados e centros de excelência gratuitos, é moleza.

Quero ver é eles ganharem tantas medalhas sendo como nós, um país onde a Educação Física nas escolas é, muitas vezes, apenas o horário do futebol para os meninos e da queimada para as meninas. Quero ver é eles ganharem medalhas com apoio estatal pífio, sem massificar o esporte, sem um aperfeiçoamento crescente e planejado.

Quero ver é fazer que nem a gente, no improviso. Aí, duvido que eles ganhem de nós. Duvido!

Malditos comunistas...