segunda-feira, janeiro 31, 2011

A Tunísia era uma ditadura!

A mídia silenciou sobre o despotismo na Tunísia porque se tratava de um regime servil aos interesses políticos e econômicos dos EUA
Igor Fuser
Quando eu ingressei como redator na editoria de assuntos internacionais da Folha de S.Paulo, um colega veterano me ensinou como se fazia para definir quais, entre as centenas de notícias que recebíamos diariamente, seriam merecedoras de destaque no jornal do dia seguinte. "É só olhar os telegramas das agências e ver o que elas acham mais importante", sentenciou.
Pragmático, ele adotava esse método como um meio seguro de evitar que o noticiário da Folha destoasse dos jornais concorrentes, os quais, por sua vez, se comportavam do mesmo modo. Na realidade, portanto, quem pautava a cobertura internacional da imprensa brasileira era um restrito grupo de três agência noticiosas - Reuters, Associated Press e United Press International, todas afinadíssimas com as prioridades geopolíticas dos Estados Unidos.
Passadas mais de duas décadas, a cobertura internacional da mídia brasileira ainda se orienta por diretrizes estrangeiras. A única diferença é que agora as agências enfrentam a competição de outros fornecedores de informação, como a CNN e os serviços de empresas como a BBC e o New York Times, oferecidos pela internet. Mas o conteúdo é o mesmo.
Quem confia nessa agenda está condenado a uma visão parcial e distorcida, uma ignorância que só se revela quando ocorrem "surpresas" como a rebelião popular que derrubou o governo da Tunísia. De repente, o mundo tomou conhecimento de que a Tunísia - um país totalmente integrado à ordem neoliberal e um dos destinos favoritos dos turistas europeus - era governada há 23 anos por um ditador corrupto, odiado pelo seu povo. Como é que ninguém sabia disso?
A mídia silenciou sobre o despotismo na Tunísia porque se tratava de um regime servil aos interesses políticos e econômicos dos EUA. O ditador Ben Ali nunca foi repreendido por violações aos direitos humanos e, mesmo quando ordenou que suas forças repressivas abrissem fogo contra manifestantes desarmados, matando dezenas de jovens, o presidente estadunidense Barack Obama e sua secretária de Estado, Hillary Clinton, permaneceram em silêncio. Não abriram a boca nem mesmo para tentar conter o massacre. Só se manifestaram depois que Ben Ali fugiu do país, como um rato, carregando na bagagem mais de uma tonelada de ouro.
O caso da Tunísia não é o único na região. No vizinho Egito, outro regime vassalo dos EUA, Hosni Mubarak governa ditatorialmente desde 1981. Suas prisões estão lotadas de opositores políticos e as eleições ocorrem em meio à fraude e à violência, o que garante ao governo quase todas as cadeiras parlamentares. Mas o que importa, para o "Ocidente", é o apoio da ditadura egípcia às posições estadunidenses no Oriente Médio, em especial sua conivência com o expansionismo israelense. Por isso, a ausência de democracia em países como a Tunísia e o Egito nunca recebe a atenção da mídia convencional, ao contrário da condenação sistemática de regimes autoritários não-alinhados com os EUA, como o Irã e o Zimbábue. É sempre assim: dois pesos, duas medidas.

segunda-feira, janeiro 24, 2011

quarta-feira, janeiro 12, 2011

Soneto para a música













Sonata, sinfonia, a Sagração
Da Primavera, outono, inverno ou não
É em ti que quero me enternecer
É em ti que quero me entorpecer

Oh Música, minha querida arte
Que, desde a infância, de mim faz parte
Velha amiga na tristeza e alegria
Quando não me consola, me extasia.

Quero ouvi-la a minha vida inteira
Tocá-la enquanto me houver saúde
Enfim, minha eterna companheira,

Quando um dia vier a decrepitude
Será ainda pra mim alvissareira
A canção do Duke In my solitude...


domingo, janeiro 09, 2011

Um clip cubano

"Guajiro" - Com o quarteto feminino "Sexto Sentido"




Guajiro (Letra y música: Arlety Valdés)

Adoro la ciudad, tengo una casa y muy cerca estoy del mar
Pero me faltas tú y esta tierra donde puedo soñar

Guajiro, yo quiero montarme en tu caballo
Guajiro ¡ay! Me muero, guajiro, dame tu amor

Caliente es el sol de tus mañanas y tu aire es tan puro
Tu piel tiene el color de esas montañas, tiene son montuno

Guajiro, yo quiero montarme en tu caballo
Guajiro ¡ay! Me muero, guajiro, dame tu amor

sexta-feira, janeiro 07, 2011

A Supremacia das finanças desreguladas

A SUPREMACIA DAS FINANÇAS DESREGULADAS

35 bancos estão com posições vendidas (em dólar). Deles, a maior posição é a do Banco do Brasil, com US$ 12 bilhões. Numa ponta, um processo claro de desindustrialização, de desmanche da cadeia produtiva por conta do dólar barato, a Fazenda manifestando preocupações em relação ao fenômeno. Na outra, o próprio BB apostando pesado na continuidade da apreciação. Não há boicote, nem nada, por parte do banco, mas uma lógica financeira perversa, que acaba amarrando todo o mercado na aposta da apreciação cambial (Luis Nassif - 07/01/2011)

DILMA INTERVEM NA FARRA CAMBIAL

Bancos terão que recolher na forma de compulsório depositado no Banco Central, sem remuneração e em espécie, o equivalente a 60% do valor de suas apostas no mercado futuro de dólar. Nessa mesa do cassino financeiro, a banca vende moeda americana a uma determinada taxa e 'opera' para que no vencimento do contrato o câmbio esteja abaixo disso, ganhando na diferença. Essa espiral descendente, que valoriza o Real e dificulta as exportações, ao mesmo tempo incentiva importações de insumos e bens, desmontando cadeias industriais com risco de desindustrialização. Agora, praticar esse jogo vai custar 60% do valor apostado. É só um primeiro aperto no parafuso das finanças desreguladas, afrouxado sistematicamente no Brasil desde os anos 90. A direção é correta. (Agencia Carta Maior - 07/01/2011)