quarta-feira, setembro 21, 2011

O conhecimento é patrimônio da humanidade




Caíque Vieira

Nossa tarefa máxima deveria ser o combate a todas as formas de pensameno reacionário (Antonio Candido)

Todo conhecimento é patrimônio da humanidade. Não recorrer a ele em situações de crise por questões ideológicas é, no mínimo, infantil.

Dois dos maiores gênios da economia, Karl Marx e John Keynes, não são recorridos pelos governantes do mundo por questões ideológicas, mas são eles que oferecem soluções para sair da crise atual.

Marx é a maior autoridade no tema capitalismo. Em seus estudos ele chegou à conclusão que não vale a pena salvá-lo por ser um sistema intrinsecamente perverso e cheio de contradições. Todo o mundo desenvolvido assiste agora estupefato a verdade nua e crua de suas conclusões. Ele escreveu: "A razão última de todas as crises reais segue sendo a pobreza e o consumo restringido das massas.“

Basta uma leitura superficial desta análise para concluir que as medidas econômicas que os atuais governantes do mundo estão tomando não solucionarão a crise, pelo contrário, a ampliarão porque cortam gastos públicos, diminuem emprego, aumentam a pobreza e restringem o consumo.

Keynes fazia parte da Internacional Capitalista, ao contrário de Marx, defendia o capitalismo, mas conhecia bem seus altos e baixos e preconizava medidas heterodoxas, temporárias e corretivas dessas crises cíclicas.

O problema é que, fora dos círculos que os estudam, os donos do mundo e seus ideólogos tornaram proscritos esses dois gênios da humanidade enquanto a economia do mundo vai se esfarcelando a olhos vistos. Na maior potência do globo, os Estados Unidos, a desigualdade de renda chegou ao seu nível mais alto desde a década de 1920, o nível de desemprego atinge níveis de 9,1% e os salários estão estagnados. Marx apontava que quanto mais os trabalhadores ficarem relegados à pobreza, menos serão capazes de consumir os bens e serviços que as empresas produzem.

Na grande depressão de 1929, os Estados Unidos e o mundo só saíram da crise graças ao “New Deal” de Roosevelt que eram políticas baseadas nas teorias de Keynes. O Estado alavancou a economia aumentando temporariamente os gastos públicos. Para dar a dimensão da necessidade da interferência estatal na economia, construindo grandes obras, Keynes dizia que "Se for necessário, que um grupo de trabalhadores faça buracos na rua enquanto outro grupo, logo em seguida, os feche".

A Presidenta Dilma Rousseff, na abertura da 66ª Assembléia Geral da ONU, criticou o arrocho fiscal nos países ricos e pediu solução política para a crise. Asseverou que: “...Enfrentamos uma crise econômica que, se não debelada, pode se transformar em uma grave ruptura política e social. Uma ruptura sem precedentes, capaz de provocar sérios desequilíbrios na convivência entre as pessoas e as nações. Mais que nunca, o destino do mundo está nas mãos de todos os seus governantes, sem exceção. (...) menos importante é saber quais foram os causadores da situação que enfrentamos, até porque isto já está suficientemente claro. Importa, sim, encontrarmos soluções coletivas, rápidas e verdadeiras. Essa crise é séria demais para que seja administrada apenas por uns poucos países (...) Não é por falta de recursos financeiros que os líderes dos países desenvolvidos ainda não encontraram uma solução para a crise. É, permitam-me dizer, por falta de recursos políticos e algumas vezes, de clareza de ideias.”

Eu concluiria que as ideias existem, são claras e patrimônio de toda a humanidade, mas, por excesso de preconceitos ideológicos, não são incorporadas às soluções para a crise que pode se tornar mundial.



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