segunda-feira, setembro 01, 2014

Da retórica e do essencial


Da retórica e do essencial

Não somos nem Dirceu Borboleta nem as irmãs Cajazeiras (Doroteia, Dulcineia e Judiceia) que sucumbiram à retórica de Odorico Paraguaçu em Sucupira, cidade fictícia criada por Dias Gomes na telenovela O Bem-Amado. 

A retórica de um candidato não é o essencial na discussão sobre o Brasil que queremos. O essencial é o questionamento a respeito da natureza do Estado: se um Estado social com soberania popular e seu corolário na política econômica que é o capitalismo de matiz keynesiano (social democrata), atualmente adotado e que nos mantem à margem da grande crise mundial de 2008; ou então o que os programas dos dois postulantes da oposição estão nos oferecendo como alternativa que é um Estado neoliberal, capturado pelas grandes corporações e seu corolário na política econômica que é o ultracapitalismo, o de matiz neoliberal, fundamentado pelo Consenso de Washington, que originou esta crise que corroe as economias dos países do capitalismo central.

As duas são estratégias apresentadas pelo capitalismo, já que este é o sistema econômico adotado pela sociedade brasileira através da Constituição Federal de 1988, e não podemos fugir dele, a não ser por revolução.

A disputa entre Dilma e Marina é da mesma natureza da disputa entre Dilma e Aécio. É uma disputa não só de poder, mas de estratégias política-econômica diferentes. Já a disputa entre Aécio e Marina é única e exclusivamente uma disputa de poder porque na estratégia são iguais.

Votar na Marina ou no Aécio é igual no que concerne à estratégia de economia política, ambos são neoliberais. A diferença aparece quando se trata dos temas polêmicos que hoje as sociedades mundiais demandam soluções bem estudadas multidisciplinarmente, tais como as questões relativas ao aborto, às drogas, aos gays e grupos minoritários, à violência, etc. Nesses temas o programa da Marina é pressionado pela bancada evangélica - ela própria uma fiel da Assembleia de Deus - e recebe grande influência do pastor Silas Malafaia, portanto é mais conservador. 

Como ensina Peter Drucker: "Através das suas retóricas, os administradores tornaram impossível ao público compreender a realidade econômica".

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