O mundo chega em Havana em hordas
cada vez maiores. Nas ruas de paralelepípedos de Habana Vieja, a cidade antiga
lindamente restaurada, agora pode ser difícil mover-se entre as multidões dos
grupos turísticos. Eles seguem seus guias com bandeirinhas entre as praças
rodeadas de cafés, saem do Museo del Chocolate, passam por estátuas vivas e
franquias de Victorinox e Diesel e chegam a butiques que ocupam majestosas
mansões antigas, onde relógios feitos à mão são vendidos por 12 mil dólares.
Não muito tempo atrás, tudo isso
estava a ponto de desmoronar. A improvável transformação é obra do escritório
do Historiador da Cidade, um vasto departamento estatal de arquitetos e
urbanistas chefiado por Eusebio Leal Spengler desde 1981. Com um poder sem
precedentes para um historiador da arquitetura, equivalente ao de um prefeito,
ele ganhou aplausos da Unesco e de órgãos de preservação de todo o mundo pelo que
conquistou aqui nos últimos 30 anos, contra todas as expectativas.
No início dos anos 1990, Leal
convenceu Fidel Castro a montar uma empresa estatal de turismo, a Habaguanex,
companhia encarregada de desenvolver hotéis, restaurantes e lojas. Crucialmente,
ela usaria os lucros para restaurar os edifícios e as ruas abandonados de
Havana, além de promover projetos sociais e instalações para a comunidade. Foi
um modelo cauteloso de tática capitalista usada para fins socialistas, que viu
o departamento de Leal canalizar mais de meio bilhão de dólares para a cidade
antiga. Hoje, a companhia dirige um império crescente de 20 hotéis, 40
restaurantes e 50 bares e cafés, assim como dezenas de butiques de luxo.
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