terça-feira, fevereiro 23, 2016

Havana

O mundo chega em Havana em hordas cada vez maiores. Nas ruas de paralelepípedos de Habana Vieja, a cidade antiga lindamente restaurada, agora pode ser difícil mover-se entre as multidões dos grupos turísticos. Eles seguem seus guias com bandeirinhas entre as praças rodeadas de cafés, saem do Museo del Chocolate, passam por estátuas vivas e franquias de Victorinox e Diesel e chegam a butiques que ocupam majestosas mansões antigas, onde relógios feitos à mão são vendidos por 12 mil dólares.
Não muito tempo atrás, tudo isso estava a ponto de desmoronar. A improvável transformação é obra do escritório do Historiador da Cidade, um vasto departamento estatal de arquitetos e urbanistas chefiado por Eusebio Leal Spengler desde 1981. Com um poder sem precedentes para um historiador da arquitetura, equivalente ao de um prefeito, ele ganhou aplausos da Unesco e de órgãos de preservação de todo o mundo pelo que conquistou aqui nos últimos 30 anos, contra todas as expectativas.

No início dos anos 1990, Leal convenceu Fidel Castro a montar uma empresa estatal de turismo, a Habaguanex, companhia encarregada de desenvolver hotéis, restaurantes e lojas. Crucialmente, ela usaria os lucros para restaurar os edifícios e as ruas abandonados de Havana, além de promover projetos sociais e instalações para a comunidade. Foi um modelo cauteloso de tática capitalista usada para fins socialistas, que viu o departamento de Leal canalizar mais de meio bilhão de dólares para a cidade antiga. Hoje, a companhia dirige um império crescente de 20 hotéis, 40 restaurantes e 50 bares e cafés, assim como dezenas de butiques de luxo.

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