quarta-feira, dezembro 10, 2014

Visão panorâmica dos governos Lula e Dilma

Caíque Vieira 

A partir de 2002, quando o povo brasileiro elegeu um operário para dirigir o governo da nação, passamos a viver um momento singular nas perspectivas política, econômica e social de nossa história, como se houvéssemos retomado o projeto popular e democrático do governo interrompido pelo golpe militar de 64.

Foi a primeira vez que um partido de esquerda assumiu o poder, concluiu o mandato, se reelegeu, elegeu o seu sucessor e novamente se reelegeu. Esses fatos inquietaram tremendamente as elites políticas e econômicas do país que, em conluio com a grande imprensa, porta-voz de seus interesses, passou a provocar crises institucionais, como é tradicionalmente de seu feitio, com o intuito de desestabilizar o governo.

A recuperação da capacidade do Estado de promover políticas públicas e sociais, suprimida nos governos neoliberais fernandistas (Fernando Collor de Melo e Fernando Henrique Cardoso), objetivo primordial desse governo de esquerda, teve reflexos:

1. no âmbito interno cujos programas sociais e de transferência de rendas promoveram o aumento do poder aquisitivo, a mobilidade social de um amplo contingente da população e, consequentemente, a ampliação de um mercado interno responsável pela superação das dificuldades criadas pela crise econômica mundial de 2008;

2. no âmbito externo ao ser criado um novo paradigma cujas características principais são o desassombramento e a independência, a solidariedade internacional e o respeito ao princípio da autodeterminação dos povos.

Enquanto os Estados Unidos estavam voltados para as suas invasões de domínio imperialista no oriente, tivemos a oportunidade de desenvolver, sem a sua perniciosa interferência, novas relações com os povos da América Latina que, em sua maioria (Argentina, Bolívia, Chile, Equador, Paraguai, Uruguai, Venezuela) também elegia governos progressistas que, como o nosso, ansiavam pela superação do modelo neoliberal e pelo incremento de justiça social. Com essas nações, consolidamos o MERCOSUL, a UNASUL cuja arrojada sede acaba de ser inaugurada, o Conselho de Defesa Sulamericano e a CELAC (Comunidade dos Estados Latinoamericanos e Caribenhos). Com outras mais distantes, criamos o BRICS (iniciais de Brasil, Rússia, Índia,  China e South Africa) importante bloco que, pela pujança de sua economia, vem influenciando a nova configuração do poder mundial.

Agora, ao completar o primeiro mandato do governo Dilma que se elegeu como legítima herdeira e continuadora das políticas públicas iniciadas nos mandatos anteriores, enfrentamos desafios tão grandes ou maiores, dada a magnitude da crise econômica de 2008 no centro do capitalismo mundial e do crescente desejo da oposição em desestabilizar o governo recém eleito, estando o golpismo na agenda dos derrotados, pela insuportável (para si próprios) razão de que seus erros e equívocos na política econômica  resultaram em  monumentais fracassos, somados aos sucessos dos novos governos de esquerda e que deverão ser aprofundados no que concerne: i.) às  políticas públicas que colocaram o Brasil nos trilhos para um salto qualitativo  de nossa democracia política e econômica; ii). à adoção de um modelo de desenvolvimento econômico com o aproveitamento de nossos recursos naturais com toda a sua biodiversidade de forma autossustentável; iii.) à nova postura independente e soberana de nossas relações internacionais, dando-nos a possibilidade de participarmos do poder mundial priorizando o pacifismo das soluções diplomáticas (o caso do Irã, por exemplo), procurando influir no ocaso da insensatez das guerras promovidas pela sanguinária OTAN (Organização do Tratado do Atlântico Norte) liderada pelos Estados Unidos. Enfim, nossos diplomatas fazendo valer as características de nosso temperamento cordial, determinante de nossa liderança na América Latina e no mundo.




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