quinta-feira, junho 05, 2008

Botando as barbas de molho




“Último dia do despotismo e primeiro da mesma coisa” (Pichação em um muro de Quito)

Carlos Henrique de Pontes Vieira

Deus queira que eu esteja enganado, mas não há indícios de que eu possa estar. Pelas seguintes razões: i) as declarações dos três candidatos à presidência da nação que lidera e defende o "status quo" da geopolítica do mundo atual, com todas as armas que lhe estão às mãos; ii) a história de interferências e as atuais; iii) o contumaz desrespeito ao princípio de autodeterminação dos povos; qualquer que seja o candidato vencedor, tudo me faz crer que as coisas permanecerão como sempre foram, porque os donos do poder americano e, portanto, global, são os grandes conglomerados capitalista.

Por que entra governo e sai governo, quer seja democrata, quer seja republicano, o embargo à economia cubana continua? E o campo de concentração em Guantánamo? Simplesmente porque são políticas de Estado e não de governo, assim como são as recentes: (i) reativação da Quarta Frota Armada para patrulhar a América Latina; (ii) entrega do território colombiano pelo seu atual presidente para as forças armadas norte-americanas e sua postura agressiva com seus vizinhos; (iii) movimentos separatistas na Bolívia, Equador e Venezuela apoiados pela América do Norte com o intuito de desestabilizar os processos de avanço social na América do Sul; (iv) incremento de bases militares também no sul do continente.

Todas essas políticas visam uma forma de promover um conflito entre as nações latino-americanas para neutralizar os esforços, liderados pelo governo venezuelano, de integração da região e a genuína independência do sul do continente em relação ao norte hegemônico.

Bem fez o atual ministro da defesa do Brasil ao responder à representante do governo norte-americano quando foi indagado sobre o que os Estados Unidos poderiam fazer em relação à recente criação da UNASUL, União das Nações da América do Sul, como um fórum de defesa da região: “Mantenham-se à distância.”

Portanto, em relação à mudança de posturas do governo norte-americano, é melhor botarmos as barbas de molho e, como a pichação no muro de Quito, penso que o que vem aí é mais do mesmo despotismo.

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