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sábado, dezembro 31, 2011
sexta-feira, dezembro 30, 2011
quinta-feira, dezembro 29, 2011
Aquilo que nos devora (2011-2012)
Em 12 meses até novembro,
R$ 137,6 bilhões em receitas fiscais foram desviados de projetos
prementes na área social e de infraestrutura e canalizados ao pagamento de
juros da dívida pública brasileira. O valor equivale a 3,34% do PIB previsto
para 2011. Não é tudo; a despesa efetiva com os rentistas é bem maior. A
economia feita pelas três esferas de governo até agora, mais as estatais, cobre
apenas uma parte do serviço devido, da ordem de R$ 240 bilhões este ano, sendo
o restante incorporado ao saldo principal, elevando-o. Em 2011, essa
'capitalização' (deles) acrescentará R$
110 bilhões à dívida, totalizando o equivalente a 5,6% do PIB em juros. Consolida-se um caso
clássico de Estado capturado pela lógica da servidão rentista na qual quanto
mais se paga, mais se deve. Em dezembro de 2009 a dívida interna pública era de
R$ 1,39 trilhão; em dezembro de 2010 havia saltado para R$ 1,6 trilhão; em 2011
deve passar de R$ 1,7 trilhão. De
janeiro a novembro ela cresceu R$ 148,67 bilhões. O valor é R$ 53,5 bilhões
superior ao total dos investimentos realizados no período pela União (R$
32,2 bi)
e o conjunto das 73 estatais brasileiras (R$ 72,2 bi), que a propósito
cortaram em R$ 16,5 bilhões seus projetos este ano em relação a 2010. É
tristemente forçoso lembrar que enquanto a despesa com os rentistas esfarela
5,6% do PIB em juros, o orçamento federal para a saúde é da ordem de 3,5% do
PIB, com as consequências vistas e sabidas. E o valor aplicado numa área
crucial como a educação gira em torno de 5% do PIB. Discute-se calorosamente se
há 'margem' fiscal para elevar isso a 7% ou 8%... em uma década. Visto à
distancia, o naufrágio europeu permite enxergar melhor o absurdo que consiste
em colocar o Estado e a sociedade a serviço das finanças e não o contrário. Sem
uma política corajosa de corte na ração rentista o Brasil cruzará décadas apagando incêndios no combate
à pobreza e a miséria que enredam 27% da
população e às deficiências de infraestrutura social e logística. É melhor que a regressividade demotucana. Mas
insuficiente para embalar a travessia histórica da injustiça e do
subdesenvolvido para uma Nação rica, compartilhada por todos.
(Carta Maior; 5ª feira; 29/12/ 2011)
segunda-feira, dezembro 26, 2011
quarta-feira, dezembro 21, 2011
segunda-feira, dezembro 19, 2011
sexta-feira, dezembro 16, 2011
NABUCO (Verdi)
CORAL DO METROPOLITAN HOUSE DE NOVA YORK
A ópera Nabuco, de Verdi, foi tema de um filme de mesmo nome há algumas
Esta ária é o canto de dor do
povo hebreu que foi derrotado pelos Assírios, deportado para a Babilônia e
reduzido à escravidão. Na época da sua primeira representação (Milão - 1842) a Itália estava sob o domínio austríaco, por isso a ária tornou-se o canto dolorido dos italianos contra o opressor e
difundiu-se rapidamente por toda a Itália. A ópera havia despertado o
patriotismo do povo e logo em todos os muros das casas e dos palácios
apareceu a escrita "VIVA VERDI". O VERDI, além do compositor da ópera, era também as iniciais da expressão "Vitorio Emanuele
Re d´Itália". A censura do opressor foi
derrotada!
domingo, dezembro 11, 2011
quarta-feira, dezembro 07, 2011
terça-feira, dezembro 06, 2011
segunda-feira, dezembro 05, 2011
La Colmenita - Companhia dos pequenos cantores de Cuba
La estremecedora grabación de la voz de Antonio Guerrero, uno de
los Cinco Héroes, interpretando “El Necio”, la canción de Silvio Rodríguez, a la
cual se sumaron las voces de los niños de la Colmenita.
La compañía infantil celebró el 2 de diciembre el aniversario 55 del
desembarco de los expedicionarios del yate Granma y día de las Fuerzas Armadas
Revolucionarias (FAR), en acto en el que recrearon los personajes de historietas
mambisas
El Necio
Para no hacer de mi ícono pedazos,
para salvarme entre únicos e impares,
para cederme un lugar en su Parnaso,
para darme un rinconcito en sus altares.
me vienen a convidar a arrepentirme,
me vienen a convidar a que no pierda,
me vienen a convidar a indefinirme,
me vienen a convidar a tanta mierda.
Yo no se lo que es el destino,
caminando fui lo que fui.
Allá Dios, que será divino.
Yo me muero como viví.
Yo quiero seguir jugando a lo perdido,
yo quiero ser a la zurda más que diestro,
yo quiero hacer un congreso del unido,
yo quiero rezar a fondo un hijonuestro.
Dirán que pasó de moda la locura,
dirán que la gente es mala y no merece,
más yo seguiré soñando travesuras
(acaso multiplicar panes y peces).
Yo no se lo que es el destino,
caminando fui lo que fui.
Allá Dios, que será divino.
Yo me muero como viví.
Dicen que me arrastrarán por sobre rocas
cuando la Revolución se venga abajo,
que machacarán mis manos y mi boca,
que me arrancarán los ojos y el badajo.
Será que la necedad parió conmigo,
la necedad de lo que hoy resulta necio:
la necedad de asumir al enemigo,
la necedad de vivir sin tener precio.
Yo no se lo que es el destino,
caminando fui lo que fui.
Allá Dios, que será divino.
Yo me muero como viví
Silvio Rodriguez.
quinta-feira, dezembro 01, 2011
domingo, novembro 27, 2011
sexta-feira, novembro 25, 2011
quinta-feira, novembro 24, 2011
O manifesto português "Mudança de Rumo"
Sintomaticamente, no manifesto, que poderia ser assinado por lideranças de várias partes do mundo, afirma-se:
"Não podemos assistir impávidos à escalada da anarquia financeira
internacional. Não podemos saudar democraticamente a chamada Primavera Árabe e
temer nossas próprias ruas e praças."
Mário Soares reforça:
"Fizemos muitos sacrifícios e estamos pior do que estávamos. Por isso é preciso mobilizar as pessoas. Para que digam 'não', não se pode fazer o que mandam os mercados , que são especuladores. Os Estados tem que dominar os mercados e não o contrário".
Mário Soares reforça:
"Fizemos muitos sacrifícios e estamos pior do que estávamos. Por isso é preciso mobilizar as pessoas. Para que digam 'não', não se pode fazer o que mandam os mercados , que são especuladores. Os Estados tem que dominar os mercados e não o contrário".
Tupac Amaru
Dia 8 de Dezembro (quinta) às 20 horas
Local: Cinemateca Brasileira
Direção:
Federico García Hurtado
Elenco:
Reynaldo Arenas, Zully Azurin, Carlos Cano de la Fuente
Origem:
Cuba | Peru
Duração:
95 min
Legenda
em português
Ano: 1984
O
filme conta a história de um herói da luta pela
libertação da América Latina. Tupac Amaru liderou uma
revolta popular que abalou os alicerces da dominação colonial e
oligarquica. Derrotado, preso, torturado, foi brutalmente assassinado em
1781. Considerado um dos mais importantes filmes políticos da América
Latina, recebeu o prêmio da Associação de Cineastas Latino-americanos
em Havana (1985) e a Menção Honrosa no Festival de Cinema de
Londres (1986). Co-produzido com o Instituto Cubano del Arte y la
Industria Cinematográficos (ICAIC), contou com a participação de organizações
populares de Cusco no Perú.
Federico
García Hurtado iniciou sua carreira nos anos
1960 com Huando, Tierra sin patrones e Inkari. Em 1975
dirigiu Donde nacen los cóndores. Outro destaque de sua
obra é “Melgar, sangre de poeta” (1982), que trata da vida de outro herói
independentista. Mais recentemente esteve à frente da
produção da mini-série chamada “El Amauta” sobre a juventude do líder comunista
peruano José Carlos Mariategui.
sexta-feira, novembro 18, 2011
quinta-feira, novembro 17, 2011
Lula, os pelos e a pele

O Capitalismo e a miséria americana
Mauro Santayana
O capitalismo,
dizem alguns de seus defensores, foi uma grande invenção humana. De acordo com
essa teoria, o sistema nasceu da ambição dos homens e do esforço em busca da
riqueza, do poder pessoal e do reconhecimento público, para que os indivíduos
se destacassem na comunidade, e pudessem viver mais e melhor à custa dos
outros. Todos esses objetivos exigiam o empenho do tempo, da força e da mente.
Foi um caminho para o que se chama civilização, embora houvesse outros, mais
generosos, e em busca da justiça. Como todos os processos da vida, o
capitalismo tem seus limites. Quando os ultrapassa no saqueio e na espoliação,
e isso tem ocorrido várias vezes na História, surgem grandes crises que quase
sempre levam aos confrontos sangrentos, internos e externos.
A revista
Foreign Affairs, que reflete as preocupações da intelligentsia norte-americana
(tanto à esquerda, quanto à direita) publica, em seu último número, excelente
ensaio de George Packer – The broken contract; Inequality and American Decline.
Packer é um homem do establishment. Seus pais são professores da Universidade
de Stanford. Seu avô materno, George Huddleston, foi representante democrata do
Alabama no Congresso durante vinte anos.
O jornalista
mostra que a desigualdade social nos Estados Unidos agravou-se brutalmente nos
últimos 33 anos – a partir de 1978. Naquele ano, com os altos índices de
inflação, o aumento do preço da gasolina, maior desemprego, e o pessimismo
generalizado, houve crucial mudança na vida americana. Os grandes interesses
atuaram, a fim de debitar a crise ao estado de bem-estar social, e às
regulamentações da vida econômica que vinham do New Deal. A opinião pública foi
intoxicada por essa idéia e se abandonou a confiança no compromisso social
estabelecido nos anos 30 e 40. De acordo com Packer, esse compromisso foi o de
uma democracia da classe média. Tratava-se de um contrato social não escrito
entre o trabalho, os negócios e o governo, que assegurava a distribuição mais
ampla dos benefícios da economia e da prosperidade de após-guerra - como em
nenhum outro tempo da história do país.
Um dado
significativo: nos anos 70, os executivos mais bem pagos dos Estados Unidos
recebiam 40 vezes o salário dos trabalhadores menos remunerados de suas
empresas. Em 2007, passaram a receber 400 vezes mais. Naqueles anos 70,
registra Packer, as elites norte-americanas se sentiam ainda responsáveis pelo
destino do país e, com as exceções naturais, zelavam por suas instituições e
interesses. Havia, pondera o autor, muita injustiça, sobretudo contra os negros
do Sul. Como todas as épocas, a do após-guerra até 1970, tinha seus custos,
mas, vistos da situação de 2011, eles lhe pareceram suportáveis.
Nos anos 70
houve a estagflação, que combinou a estagnação econômica com a inflação e os
juros altos. Os salários foram erodidos pela inflação, o desemprego cresceu, e
caiu a confiança dos norte-americanos no governo, também em razão do escândalo
de Watergate e do desastre que foi a aventura do Vietnã. O capitalismo parecia
em perigo e isso alarmou os ricos, que trataram de reagir imediatamente, e
trabalharam – sobretudo a partir de 1978 – para garantir sua posição,
tornando-a ainda mais sólida. Trataram de fortalecer sua influência mediante a
intensificação do lobbyng, que sempre existiu, mas, salvo alguns casos, se
limitava ao uísque e aos charutos. A partir de então, o suborno passou a ser
prática corrente. Em 1971 havia 141 empresas representadas por lobistas em
Washington; em 1982, eram 2445.
A partir de
Reagan a longa e maciça transferência da renda do país para os americanos mais
ricos, passou a ser mais grave. Ela foi constante, tanto nos melhores períodos
da economia, como nos piores, sob presidentes democratas ou republicanos, com
maiorias republicanas ou democratas no Congresso. Representantes e senadores –
com as exceções de sempre – passaram a receber normalmente os subornos de Wall
Street. Packer cita a afirmação do republicano Robert Dole, em 1982: “pobres
daqueles que não contribuem para as campanhas eleitorais”.
Packer vai
fundo: a desigualdade é como um gás inodoro que atinge todos os recantos do
país – mas parece impossível encontrar a sua origem e fechar a torneira. Entre
1974 e 2006, os rendimentos da classe média cresceram 21%, enquanto os dos
pobres americanos cresceram só 11%. Um por cento dos mais ricos tiveram um
crescimento de 256%, mais de dez vezes os da classe média, e quase triplicaram
a sua participação na renda total do país, para 23%, o nível mais alto, desde
1928 – na véspera da Grande Depressão.
Esse
crescimento, registre-se, vinha de antes. De Kennedy ao segundo Bush, mais
lento antes de Reagan, e mais acelerado em seguida, os americanos ricos se
tornaram cada vez mais ricos.
A
desigualdade, conclui Packer, favorece a divisão de classes, e aprisiona as
pessoas nas circunstâncias de seu nascimento, o que constitui um desmentido
histórico à idéia do american dream.
E conclui: “A
desigualdade nos divide nas escolas, entre os vizinhos, no trabalho, nos
aviões, nos hospitais, naquilo que comemos, em nossas condições físicas, no que
pensamos, no futuro de nossas crianças, até mesmo em nossa morte”. Enfim, a
desigualdade exacerbada pela ambição sem limites do capitalismo não é apenas
uma violência contra a ética, mas também contra a lógica. É loucura.
Ao mundo
inteiro – o comentário é nosso- foi imposto, na falta de estadistas dispostos a
reagir, o mesmo modelo da desigualdade do reaganismo e do thatcherismo. A crise
econômica mais recente, provocada pela ganância de Wall Street, não serviu de
lição aos governantes vassalos do dinheiro, que continuaram entregues aos
tecnocratas assalariados do sistema financeiro internacional. Ainda ontem,
Mário Monti, homem do Goldman Sachs, colocado no poder pelos credores da
Itália, exigia do Parlamento a segurança de que permanecerá na chefia do
governo até 2013, o que significa violar a Constituição do país, que dá aos
representantes do povo o poder de negar confiança ao governo e, conforme a
situação, convocar eleições.
Tudo isso nos
mostra que estamos indo, no Brasil, pelo caminho correto, ao distribuir com
mais equidade a renda nacional, ampliar o mercado interno, e assim, combater a
desigualdade e submeter a tecnocracia à razão política. É necessário, entre
outras medidas, manter cerrada vigilância sobre os bancos privados,
principalmente os estrangeiros, que estão cobrindo as falcatruas de suas
instituições centrais com os elevados lucros obtidos em nosso país e em outros
países da América Latina.
A luminosidade de Lula
A
imagem que hoje correu a internet – e não pode ser evitada nas primeiras
páginas dos jornais de amanhã – traz uma sensação que é difícil traduzir com
outra palavra que não seja luminosidade.

O
fato, porém, é que Lula não precisa mais dos cabelos e da barba que se tornaram
seus símbolos desde que surgiu na vida do país, no final dos anos 70, liderando
greves no ABC.
Transcendeu
o líder sindical, o fundador do PT, o candidato à presidência em várias
eleições, transcendeu o próprio cargo de Presidente que exerceu.
Lula
tornou-se a imagem de um projeto de Brasil.
Capaz
de sorrir na adversidade, porque se sabe mais forte que ela.
Capaz
de enfrentar a dificuldade , porque se sabe melhor do que ela.
Porque
sabe que encarna um destino, que sim, é algo que transcende a um homem, a um
líder, a um mortal como todos nós.
E
este destino, o destino do povo brasileiro, é o de realizar-se como ele mesmo é,
sem medo do que der e vier.
Sem
medo de ser feliz.
quinta-feira, novembro 10, 2011
MENSAGEM AOS “HERÓICOS” TRUCIDADORES DE CRIANÇAS
Mauro Santayana
Circula pela
internet vídeo de alguns segundos, que mostra duas crianças de Sirte, sendo
atendidas em algum lugar que lembra um ambulatório improvisado. São o menino,
de cinco ou seis anos, e a menina, de idade parecida. O menino grita de dor,
ainda que tenha as duas mandíbulas, o queixo e a garganta dilacerados,
provavelmente por estilhaços de bomba. A menina está em silêncio, olhando o
nada, como se o nada pudesse explicar-lhe o sofrimento do menino, e o calcanhar
arrancado, o pé quase pendente da perna.
Como veterano
jornalista, que cobriu crimes bárbaros e acidentes terríveis, e a dura
experiência de guerras civis e invasões militares - mas acima de tudo, como pai
e avô - confesso que nada foi tão fundo na minha tristeza do que a imagem das
crianças de Sirte.
Das ainda vivas, e das mortas da família Khaled. Foi
possível imaginar as milhares de outras crianças, mortas e feridas, na Líbia,
no Afeganistão, no Iraque, na Palestina. Diante das cenas, revi o Presidente
Barack Obama, sua elegante mulher e suas duas filhas, lindas, sorridentes, que
o pai presenteou com um cão, para que o fizessem passear pelos jardins da Casa
Branca. Revi-as viajando pelo mundo, e visitando escolas na África e na América
Latina. E fiquei sabendo da alegria de Monsieur Sarkozy em ser novamente pai.
Em sua relativa juventude, marido de uma cantora jovem, famosa e bela, o
presidente da França terá, é o que todos esperamos, anos felizes ao lado da
filha. Irá conduzi-la pela mão entre os canteiros dos jardins de Paris, e, se
as coisas da política lhe permitirem, a ela contará passagens de sua própria
infância. Ouvirá a mulher, com sua voz magnífica, cantar-lhe as mais belas
berceuses. E quando ela ficar mocinha, se enlevará com as canções de sua mãe,
como “Quelqu’un m’a dit”, e seus versos abertos: “Alguém me disse que nossas
vidas não valem grande coisa/ Passam em um instante, como fenecem as rosas”.
A idéia que
associa a morte das crianças – no caso, uma menina – à brevidade das rosas, é
de Malherbe, o grande poeta francês dos séculos 16 e 17, a quem se atribui a
invenção do francês literário. Ele escreveu seu famoso poema para consolar um
amigo que perdera a filha de seis anos, e resume a homenagem à menina, que se
chamava Rose, no verso conhecido: “E, rosa, ela viveu o que vivem as rosas, o
espaço de uma manhã”.
Uma criança
morta, muçulmana ou judia, negra ou nórdica, de fome, de endemias ou de
acidentes, em qualquer parte do mundo, é uma violência insuportável contra a
vida. As crianças mortas em guerras são insulto às razões da vida, e uma grande
dúvida sobre a existência de Deus – a não ser a do Deus dos Exércitos.
David Cameron,
parceiro e competidor de Sarkozy na aventura líbia, é um pai que sofreu a
dolorosa perda de um filho, Ivan, também aos seis anos – em fevereiro de 2009,
acometido de uma forma rara de epilepsia. Não é possível que, diante das cenas
de Sirte, e na lembrança do filho, não sinta, no coração, o peso de sua culpa,
ao usar as armas britânicas, nos bombardeios sistemáticos contra as cidades
líbias – entre elas, Sirte, a que mais sofreu, e sem trégua, com as bombas e
mísseis. A Líbia e as outras nações da região foram bombardeadas e ocupadas
pelas nações mais poderosas do Ocidente porque têm suas areias encharcadas de
petróleo. O petróleo, na visão dessas nações, é um dos direitos humanos dos
ricos e bem armados.
A espécie
humana só sobrevive porque ela se renova em cada criança que nasce. Como nas
reflexões de Riobaldo, em uma vereda do grande sertão, diante da paupérrima
mulher que dá à luz: não chore não, dona senhora; uma criança nasceu, o mundo
começou outra vez.
Os doutores em
jornalismo atual, que recomendam textos frios, podem ver nessas reflexões o
inútil sentimentalismo de um veterano - diante da realidade do mundo. Mas houve
um tempo, e não muito distante, em que o jornalismo era solidário com o
sofrimento dos mais débeis, com os perseguidos e famintos de pão e de justiça.
Enfim, God bless America. E God save the Queen.
quarta-feira, novembro 09, 2011
sábado, novembro 05, 2011
IDH, Pan, embargo e mídia.
"A dúvida
é o princípio
da sabedoria" (Aristóteles)
Saiu o IDH de 2011. Todos os anos
espero ansiosamente a sua divulgação para constatar as discrepâncias da mídia. Este
ano a ONU o divulgou quase que simultaneamente com o encerramento dos jogos Panamericanos. Mais
uma vez confirmaram-se as contradições
entre os números do IDH
e de medalhas obtidas por determinados países nos jogos e o que a mídia,
sistematicamente, martela execrando esses mesmos países e seus governantes.
O IDH é o Indice de Desenvolvimento Humano
elaborado pela ONU que leva em consideração indicadores de expectativa de
vida, escolaridade e renda per cápita de 187 países.
Os jogos Panamericanos tem como critério de
classificação a
quantidade de medalhas de ouro obtidas ao longo do certame.
O esporte é um setor que reflete o bom índice de
desenvolvimento humano, já que a sua excelência só é possível se houver saúde e bem
estar generalizados.
Há ainda um registro da ONU em que ela
mede o grau de felicidade de um povo. A Noruega venceu com a nota de 7,6. A
Venezuela, país governado
pelo satanizado Hugo Chàvez e que, segundo a mídia, seria um dos piores lugares do
mundo para se viver, obteve a nota 7,5. Já o nosso grau de felicidade foi
registrado em 6,8.
A Argentina, também massacrada
pela mídia desde que os "populistas" Kirchners ascenderam ao poder, foi contemplada com a
45a. posição no IDH.
O Iraque, ocupado há oito anos
pelo "grande benfeitor" da humanidade, amarga a 132a. posição, enquanto
a Líbia,
governada pelo agora abominável ditador Kadafi recentemente executado com
o auxílio da OTAN,
está na 64a.
posição, 23
degraus à frente da
Colômbia que é o país da América Latina
mais próximo
politica e ideologicamente dos Estados Unidos e até bem recentemente governado pelo
elogiadíssimo Álvaro Uribe.
Mas o exemplo mais notório das tais
discrepâncias é Cuba. Para
a mídia, a Ilha
vem despencando ladeira abaixo, sem mérito, sem legitimidade, economia fracassada,
insatisfação social e
politica, o diabo a quatro. Pois bem, no Pan ela arrebata nada mais, nada menos
que 58 medalhas de ouro - dez a mais que o Brasil - mantendo o 2o. lugar desde
1971, mas nos jogos de Havana em 1991 ficou em 1o. lugar, com 140 medalhas de
ouro, batendo os Estados Unidos, com 130; e no IDH vem resistindo há anos, pelo
menos desde que a acompanho, na 51a. posição, poucos degraus abaixo do grupo de
países com os
melhores IDHs, mas trinta e tres degraus acima de nós.
Entretanto, a ideologia que nos
domina vem detratando a prodigiosa ilha que sofre as agruras de um embargo
genocida há 50 anos.
E por falar em embargo, ela também acaba de
vencer na ONU, pelo vigésimo ano consecutivo, o grande império por 186
votos a seu favor - contra o embargo - e apenas 2 minguados votos contra a
ilha, um deles do próprio império e o
outro de Israel, seu protetorado.
Diante de tanta discrepância, a dúvida segue
sendo o princípio da
sabedoria, como nos aconselha o velho e bom Aristóteles. A bem da verdade, não entendo
como ainda resiste a credibilidade desta mídia.
quinta-feira, novembro 03, 2011
IDH: Brasil avança uma posição e fica em 84º
Índice de Desenvolvimento Humano brasileiro tem ligeira alta em novo ranking, com número recorde de países, e permanece na categoria 'elevada'. Expectativa de vida e renda avançam. Escolaridade, não. Entre BRICS, Brasil ainda perde para Rússia. Desempenho é inferior à média da América Latina, que coloca à frente Chile, Argentina, Uruguai, Cuba, Venezuela, Equador, Costa Rica, Peru, Trinidad e Tobago...
Najla Passos
BRASÍLIA – No primeiro ano do governo Dilma Rousseff, o Brasil ganhou uma posição no ranking de desenvolvimento humano das Nações Unidas e atingiu 84ª colocação, entre 187 países. O atual Índice de Desenvolvimento Humano brasileiro (IDH) é categorizado como “elevado”. Os 47 primeiros do ranking, que é liderado pela Noruega, possuem desenvolvimento “muito elevado”.
Os dados do IDH estão sendo divulgados mundialmente pelo Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (Pnud) nesta quarta feira (02), em Copenhague, capital da Dinamarca. Foram distribuídos com antecedência a jornalistas, para que a imprensa tivesse tempo de preparar reportagens. O combinado era que as matérias só fossem publicadas a partir das 9h deste feriadão.
O ranking 2011 do IDH tem número recorde de países – eram 169 em 2010. Para permitir a comparação entre um ano e outro apesar da ampliação da lista, o Pnud refez o ranking 2010, que pela primeira vez viu o Brasil entrar para o grupo de desenvolvimento “elevado”.
No ano passado, o Brasil estava em 73º, com IDH de 0,699. Ao incluir os 18 novos países no ranking 2010, com dados relativos ao ano passado, o país pulou para 85º. Daí ter avançado uma posição agora, quando o índice subiu a 0,718. Líder Noruega tem 0,943, seguida de Austrália (0,929) e, empatados, Holanda e Estados Unidos (0,910). Na rabeira, aparecem Burundi (0,316), Níger (0,295) e Congo (0,286).
O IDH é calculado a partir de dados referentes a saúde, educação e renda. De 2010 para 2011, subiram a expectativa de vida (de 73,1 anos para 73,5 anos) e a renda (de US$ 9,8 mil para US$ 10,1 mil), mas a escolaridade e a expectativa de tempo de estudos, não (permaneceram em 7,2 anos e 13,8 anos, respectivamente).
Segundo o chefe do grupo de pesquisas do Relatório de Desenvolvimento Humano (RDH) do Pnud em Nova York, José Pineda, o equilíbrio entre as três áreas (saúde, educação e renda) é a principal explicação para o desempenho brasileiro no IDH. E demonstraria que o governo estaria acertando em suas políticas pró-crescimento.
Já o consultor do RDH no Brasil, Rogério Borges, destaca a evolução na expectativa de vida como fato mais positivo. “Este indicador reflete uma série de medidas de impacto na saúde da população, como melhorias no saneamento, queda na mortalidade infantil, materna, nos índices de violência e melhorias de infra-estrutura, com saneamento”, diz.
Desde 1980, o IDH brasileiro melhorou 31%. Apesar disso, o atual índice está abaixo da média dos vizinhos de América Latina e Caribe - se fosse um país, a região estaria na posição 76.
Estão à frente do Brasil, em IDH, Chile (44º no ranking), Argentina (45º), Uruguai (48º), Cuba (51º), Bahamas (53º), México (57º), Panamá (58º), Antígua e Barbuda (60º), Trinidad e Tobago (62º), Costa Rica (69º), Venezuela (73º), Jamaica (79º), Peru (80º), e Equador (83º).
terça-feira, novembro 01, 2011
Malditos comunistas !
José Roberto Torero
Em Cuba, se você tiver aptidão para o esporte, vai poder se desenvolver com total apoio do estado. Pô, assim não vale! Do jeito que eles fazem, com escolas para todos, professores especializados e centros de excelência gratuitos, é moleza. Quero ver é fazer que nem a gente, no improviso. Aí, duvido que eles ganhem de nós. Duvido!
Acabaram os jogos Pan-Americanos e mais uma vez ficamos atrás de Cuba.
Mais uma vez!
Isso não está certo. Este paiseco tem apenas 11 milhões de habitantes e o nosso tem 192 milhões. Só a Grande São Paulo já tem mais gente que aquela ilhota.
Quanto à renda per capita, também ganhamos fácil. A deles foi de reles 4,1 mil dólares em 2006. A nossa: 10,2 mil dólares.
Pô, se possuímos 17 vezes mais gente do que eles e nossa renda per capita é quase 2,5 vezes maior, temos que ganhar 40 vezes mais medalhas que aqueles comunas.
Mas neste Pan eles ganharam 58 ouros e nós, apenas 48.
Alguma coisa está errada. Como eles podem ganhar do Brasil, o gigante da América do Sul, a sétima maior economia do mundo?
Já sei! É tudo para fazer propaganda comunista.
A prova é que, em 1959, ano da revolução, Cuba ficou apenas em oitavo lugar no Pan de Chicago. Doze anos depois, no Pan de Cáli, já estava em segundo lugar. Daí em diante, nunca caiu para terceiro. Nos jogos de Havana, em 1991, conseguiu até ficar em primeiro lugar, ganhando dos EUA por 140 a 130 medalhas de ouro.
Sim, é para fazer propaganda do comunismo que os cubanos se esforçam tanto no esporte. E também na saúde (eles têm um médico para cada 169 habitantes, enquanto o Brasil tem um para cada 600) e na educação (a taxa de alfabetização deles é de 99,8%). Além disso, o Índice de Desenvolvimento Humano de Cuba é 0,863, enquanto o nosso é 0,813.
Tudo para fazer propaganda comunista!
Aliás, eles têm nada menos do que trinta mil propagandistas vermelhos na cultura esportiva. Ou professores de educação física, se você preferir. Isso significa um professor para cada 348 habitantes. E logo haverá mais ainda, porque eles têm oito escolas de Educação Física de nível médio, uma faculdade de cultura física em cada província, um instituto de cultura física a nível nacional e uma Escola Internacional de Educação Física e Desportiva.
Há tantos e tão bons técnicos em Cuba que o país chega a exportar alguns. Nas Olimpíadas de Sydney, por um exemplo, havia 36 treinadores cubanos em equipes estrangeiras.
E existem tantos professores porque a Educação Física é matéria obrigatória dentro do sistema nacional de educação.
Até aí, tudo bem. No Brasil a Educação Física também é obrigatória.
A questão é que, se um cubano mostrar certo gosto pelo esporte, pode, gratuitamente, ir para uma das 87 Academias Desportivas Estaduais, para uma das 17 Escolas de Iniciação Desportiva Escolar (EIDE), para uma das 14 Escolas Superiores de Aperfeiçoamento Atlético (ESPA), e, finalmente, para um dos três Centros de Alto Rendimento.
Ou seja, se você tiver aptidão para o esporte, vai poder se desenvolver com total apoio do estado.
Pô, assim não vale!
Do jeito que eles fazem, com escolas para todos, professores especializados e centros de excelência gratuitos, é moleza.
Quero ver é eles ganharem tantas medalhas sendo como nós, um país onde a Educação Física nas escolas é, muitas vezes, apenas o horário do futebol para os meninos e da queimada para as meninas. Quero ver é eles ganharem medalhas com apoio estatal pífio, sem massificar o esporte, sem um aperfeiçoamento crescente e planejado.
Quero ver é fazer que nem a gente, no improviso. Aí, duvido que eles ganhem de nós. Duvido!
Malditos comunistas...
domingo, outubro 30, 2011
A voz do Brasil que nunca teve voz

A economia e a sociedade que essa voz ajudou a construir hoje falam por ele. E torcem por ele, na certeza de que ele ainda falará por ela durante muito tempo, como líder político incontestável da grande frente progressista que deu voz a um Brasil que nunca antes teve voz nem vez na política e no poder.
Na campanha de 2002, num discurso emocionado, quando a vitória ainda era incerta, Lula disse que se considerava uma obra coletiva do povo brasileiro. E que assim persistiria , fosse qual fosse o resultado da disputa. De fato. Lula se transformou no intérprete mais fiel das lutas e sonhos da gente brasileira, a ponto de o seu nome ter se incorporado ao vocabulário nacional ('agora é Lula!') como uma espécie de sinônimo do orgulho, da resistência e do discernimento de uma população que, ao seu modo, nele se enxergou como fonte de poder e de direitos .
Essa força tamanha não vai silenciar. Não apenas porque Lula em breve voltará a expressá-la, mas porque em qualquer tempo, e em qualquer lugar , sempre que interesses de uma elite anti-social e demofóbica ameaçarem as conquistas e anseios dessa gente, haverá quem cante, assovie, murmure ou mencione o refrão que enfeixa um punhado de significados e entendimentos, todos eles porém imiscíveis com a prepotência e a humilhação que encontrou nesta voz um contraponto de alteridade e hegemonia que as ruas dificilmente esquecerão: 'olê, olê, olê, olá, Lula, Lula...'
Saul Leblon
Saul Leblon
terça-feira, outubro 25, 2011
La política de bloqueo y hostilidad de Estados Unidos contra Cuba no ha cambiado en 50 años
Discurso del Canciller Bruno Rodríguez Parrilla en la 66ma Sesión de la Asamblea General de la ONU
Señor Presidente:
El 13 de noviembre de 1991, esta Asamblea General tomó la decisión de incluir en el programa de su siguiente período de sesiones, el examen del tema titulado “Necesidad de poner fin al bloqueo económico, comercial y financiero impuesto por los Estados Unidos de América contra Cuba”.
Eran los momentos en que Estados Unidos se disponía, con cruel oportunismo, a apretar el cerco contra la isla que luchaba sola, mediante la llamada Ley Torricelli, la cual cercenó nuestro comercio de medicinas y alimentos con las subsidiarias de compañías norteamericanas asentadas en terceros países. Fue ese el acto oficial que hizo notoria y pública la aplicación extraterritorial de las leyes del bloqueo contra terceros Estados.
Hubiera parecido imposible entonces que, 20 años después, esta Asamblea estaría hoy considerando el mismo asunto, tan estrechamente vinculado al derecho de los pueblos a la autodeterminación, al Derecho Internacional, a las reglas internacionales del comercio, a las razones por las cuales existe esta Organización.
Se trata ya de uno de los temas tradicionales de la Asamblea General, que convoca los pronunciamientos más reiterados, con el apoyo más categórico y abrumador, y que muestra con mayor nitidez el aislamiento incómodo del país agresor y la resistencia heroica de un pueblo negado a ceder sus derechos soberanos.
Durante dos décadas, la comunidad internacional ha reclamado invariable y sostenidamente que se ponga fin al bloqueo económico, comercial y financiero de los Estados Unidos contra Cuba. Lo ha hecho por medio de las resoluciones que cada año se aprueban casi unánimemente, de las decenas de apelaciones de Jefes de Estado y de Delegaciones que se refieren al tema en el Debate General de alto nivel de esta Asamblea, y de los pronunciamientos de casi todos los organismos internacionales y agrupaciones de Estados, en particular los de América Latina y el Caribe.
En 1996, la Ley Helms-Burton amplió de forma inédita las dimensiones extraterritoriales del bloqueo y codificó integralmente el “cambio de régimen” y la ulterior intervención en Cuba. Nadie conoce que el “Plan Bush para Cuba”, del año 2004, haya sido dejado sin efecto.
El Informe del Secretario General dedicado a este tema, que recoge los pronunciamientos de más de 160 países y organismos especializados del sistema de las Naciones Unidas, ilustra con abundantes datos la persistencia de esta política criminal y sus efectos directos sobre la población y la economía cubanas.
El daño económico directo ocasionado al pueblo cubano por la aplicación del bloqueo supera los 975 mil millones de dólares, calculado al depreciado valor del dólar frente al oro.
La Convención contra el Genocidio de 1948, en su artículo 2 inciso b tipifica como acto de genocidio la “lesión grave a la integridad física o mental de los miembros del grupo” y en su inciso c, el “sometimiento intencional del grupo a condiciones de existencia que hayan de acarrear su destrucción física, total o parcial”.
Los objetivos del bloqueo han sido, según el memorando del Gobierno de los Estados Unidos del 6 de abril de 1960 “provocar el desengaño y el desaliento mediante la insatisfacción económica y la penuria [...] debilitar la vida económica negándole a Cuba dinero y suministros con el fin de reducir los salarios nominales y reales, provocar hambre, desesperación y el derrocamiento del gobierno”.
Nunca ha ocultado que su objetivo es derrocar al gobierno revolucionario y destruir el orden constitucional que el pueblo soberanamente defiende, lo que el ex Presidente George W. Bush llamó “cambio de régimen” y que ahora alcanza nuevas dimensiones.
Señor Presidente:
A pesar de la falsa imagen de flexibilidad que pretende trasladar el actual gobierno de los Estados Unidos, el bloqueo y las sanciones permanecen intactos, en completa aplicación y se ha acentuado en los años más recientes su carácter extraterritorial. Como rasgo distintivo del período del presidente Obama, se refuerza la persecución a las transacciones financieras cubanas en todo el mundo, sin respeto a las leyes de terceros países ni a la oposición de sus gobiernos.
Cuba continúa sin poder exportar e importar libremente productos y servicios de tipo alguno hacia o desde los Estados Unidos. No puede utilizar el dólar norteamericano en sus transacciones, incluidos los pagos a la Organización de las Naciones Unidas y otros organismos internacionales. Tampoco puede tener cuentas en esa moneda en bancos de terceros países o acceso a créditos de bancos en Estados Unidos, de sus filiales en terceros países y de instituciones internacionales como el Banco Mundial o el Banco Interamericano de Desarrollo.
La prohibición de comerciar con subsidiarias de empresas estadounidenses en terceros países permanece inalterable. Los empresarios de otras naciones interesados en invertir en mi país continúan siendo sancionados, amenazados o incluidos en listas negras.
Los organismos internacionales, los programas y agencias del sistema de la ONU no escapan a esta política, al obstaculizar el gobierno de los Estados Unidos la cooperación que estas entidades prestan a Cuba, incluida la destinada a áreas de sensibilidad extrema.
La incautación, en enero de 2011, de 4 millones 207 mil dólares del financiamiento del Fondo Mundial de Lucha Contra el SIDA, la Tuberculosis y la Malaria, para la ejecución de proyectos de cooperación con Cuba destinados a combatir el síndrome de la inmunodeficiencia adquirida (SIDA) y la tuberculosis, así lo demuestra.
Como resultado de la denuncia de Cuba, el Departamento del Tesoro estadounidense emitió una licencia general en mayo de este año para liberar dichos fondos, la cual vencerá el 30 de junio de 2015. Pero, el hecho mismo de que los recursos de esta organización requieran, para llegar a Cuba, de una licencia del gobierno de los Estados Unidos muestra, además del designio de utilizar a estos programas tan sensibles como rehenes de su política de agresión contra mi país, un flagrante irrespeto a las Naciones Unidas y a las instituciones que la integran.
Varios proyectos de cooperación ejecutados por el Organismo Internacional de Energía Atómica también han sido víctimas del bloqueo.
En medio de la supuesta flexibilización para que viajen a Cuba algunos grupos de norteamericanos, en fecha muy reciente el Departamento del Tesoro denegó también licencias de viajes a Cuba a dos importantes organizaciones no gubernamentales estadounidenses que durante varios años han cooperado con instituciones cubanas en la esfera de la salud. Esta decisión podría impedir que lleguen a su destino donaciones de medicamentos a los que nuestro país no tiene acceso producto del bloqueo.
La verdad es que la libertad de viajar de los norteamericanos sigue cercenada y que Cuba sigue siendo el único destino prohibido.
Señor Presidente:
En repetidas oportunidades los representantes de los Estados Unidos han señalado que el tema que hoy discutimos es una cuestión bilateral y que, por tanto, no debe ser tratada en este foro. Probablemente repitan hoy este falaz argumento.
Los hechos demuestran su inconsistencia. Ciudadanos y compañías de numerosos Estados miembros aquí representados han sido objeto de sanciones por establecer relaciones económicas con Cuba.
¿Qué son, si no, muestra de la extraterritorialidad de dicha política, las multas impuestas el 18 de agosto de 2011 a la subsidiaria de la empresa naviera y de transporte francesa CMA CGM por ofrecer servicios de contenedores a Cuba? ¿Cómo pudieran calificarse las exigencias de la sucursal europea PayPal, empresa encargada de facilitar las transacciones electrónicas por Internet, a la firma alemana Rum Co para que sacara de su página web el ron y el tabaco cubanos?
Los ejemplos sobre la extraterritorialidad, como se aprecia en la respuesta de Cuba contenida en el mencionado informe del Secretario General, son innumerables.
Señor Presidente:
Las declaraciones más recientes sobre Cuba del Presidente Obama han dejado anonadados a no pocos observadores, pero no nos sorprenden. Al ofrecimiento del gobierno de Cuba de establecer un diálogo sobre todos los temas de interés de la agenda bilateral, la respuesta del Presidente Obama ha sido, nuevamente, el rechazo solapado, bajo argumentos absurdos y condicionamientos inaceptables que nunca han funcionado. Su postura es vieja, repetitiva, anclada al pasado, es como si, en vez del Presidente elegido para el cambio, hablaran sus predecesores, incluso republicanos. Parecería desinformado, desconocedor totalmente de lo que hoy sucede en nuestro país, de nuestra historia y cultura.
Cuba hizo el gran cambio en 1959. Al precio de 20 mil vidas, barrió a la dictadura de Batista, el hombre fuerte de los Estados Unidos. Después ha seguido cambiando cada día y debido a su capacidad de renovación es que ha resistido. Otros no resistieron porque no cambiaron y se anquilosaron o se desviaron. Ahora, Cuba cambia y cambiará resueltamente todo lo que deba ser cambiado dentro de la Revolución y del socialismo. Más Revolución y mejor socialismo.
Lo que no ha cambiado durante 50 años, Mr. President, es el bloqueo y la política de hostilidad y agresión de Estados Unidos, a pesar de que no han funcionado, ni van a funcionar.
Pero lo que el gobierno de Estados Unidos quiere que cambie, no va a cambiar. El gobierno de Cuba seguirá siendo “el gobierno del pueblo, por el pueblo y para el pueblo”. Nuestras elecciones no serán subastas. No habrá campañas electorales de 4 mil millones de dólares ni un Parlamento con un 13% de apoyo de los electores. No tendremos élites políticas corruptas separadas de la gente. Continuaremos siendo una democracia verdadera y no una plutocracia. Defenderemos el derecho a la información veraz y objetiva.
Seguiremos conquistando “toda la justicia”. Protegeremos la igualdad de oportunidades de cada niño y no abandonaremos a nadie. No renunciaremos a nuestras políticas sociales. La salud y la educación seguirán siendo universales y gratuitas. Aseguraremos el derecho al trabajo y a la jubilación digna y la seguridad social. Seguirá habiendo salario igual a trabajo igual. Protegeremos a la maternidad y a la discapacidad. El ser humano seguirá siendo lo primero y más importante. Defenderemos nuestra cultura. Continuaremos creyendo en los valores humanos. Será garantizado el ejercicio de los derechos humanos a todos los cubanos.
La economía tendrá que ser eficiente pero seguirá al servicio del hombre. La vida de la gente es y será más importante que los datos macroeconómicos. Las políticas económicas continuarán siendo consultadas al pueblo. Las consecuencias de la crisis económica global se compartirán entre todos. Seguiremos redistribuyendo la riqueza para que no haya ricos ni pobres. No admitiremos la corrupción, la especulación, ni quitaremos el dinero a los trabajadores para salvar bancos. Continuaremos buscando la participación en nuestra economía de compañías extranjeras sin exclusión alguna.
Señor Presidente:
Bastaría revisar lo recientemente divulgado por Wikileaks sobre el trabajo del Departamento de Estado y las Embajadas estadounidenses en todos los países, orientado a entorpecer las relaciones políticas, diplomáticas, económicas, comerciales y de cooperación de Cuba. Resultan vergonzosas por su contenido, las informaciones que revelan la preocupación, interés y persecución a la humanitaria labor de las brigadas médicas de Cuba que prestan su noble y desinteresado servicio a millones de personas en decenas de pueblos hermanos.
Los vínculos familiares y el limitado intercambio cultural, académico, científico que existen entre Estados Unidos y Cuba, demuestran hoy cuán positiva sería la expansión de estos vínculos para beneficio de ambos pueblos, sin las trabas y condicionamientos impuestos por Washington. La propuesta de Cuba para avanzar hacia la normalización de las relaciones y expandir la cooperación bilateral en diversas esferas sigue en pie. Estaría igual en el interés común la solución recíproca de asuntos humanitarios pendientes.
¿Por qué el gobierno del presidente Obama mejor no se ocupa de los problemas de los Estados Unidos y nos deja a los cubanos resolver en paz y tranquilos los nuestros?
Uno de los Cinco luchadores antiterroristas cubanos acaba de cumplir, hasta el último minuto, los 13 años de su injusta condena, pero se le impide regresar a Cuba a unirse con su familia, mientras los otros cuatro permanecen bajo cruel e injusta prisión política. La burda corrupción del proceso legal y la conducta ilegal del gobierno, en relación con este, es ampliamente conocida y ha sido bien documentada. ¿Por qué no los liberan en un acto de justicia o, al menos, humanitario?
Señor Presidente:
Debo trasmitir la profunda gratitud del pueblo de Cuba a todos los países que durante 20 años han expresado con su voz y su voto la necesidad de poner fin a las sanciones unilaterales más injustas, prolongadas y abarcadoras de la historia, que tanto han afectado a millones de cubanos.
En nombre de Guillermo Domínguez Díaz (16 años), Ivis Palacio Terry (18), Randy Barroso Torres (17) y Adrián Izquierdo Cabrera (12), que han sufrido cirugías conservadoras y pasado meses enyesados en sus camas por no disponer de prótesis extensibles pediátricas (endoprótesis tumoral extensoras), las cuales se producen en los Estados Unidos o bajo sus patentes, y de María Amelia Alonso Valdés (2), Damián Hernández Valdés (4) y Dayán Romayena Lorente (12), quienes padecen de tumores del sistema nervioso central y necesitan tratamiento con Temodal que es norteamericano y está protegido por su patente;
En nombre de mi pueblo abnegado, generoso, optimista y heroico, y para bien de la comunidad de naciones y del “equilibrio del mundo”, les solicito apoyar el proyecto de resolución L.4 titulado: “Necesidad de poner fin al bloqueo económico, comercial y financiero impuesto por los Estados Unidos de América contra Cuba”.
Muchas gracias.
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