terça-feira, abril 19, 2011

Cuba aprova plano de reformas na economia

O sexto congreso do Partido Comunista de Cuba aprovou o plano de reforma de Raúl Castro e elegeu o novo Comitê Central. O congresso reconheceu as deficiências próprias que se somam aos fatores externos adversos, como a desorganização, a burocracia, o paternalismo e a falta de planejamento e cobrança, segundo a resolução sobre o Informe Central de Castro. O PCC aceitou as justas críticas a sua ingerência na operação do Estado e da economia e anunciou que pretende erradicar essas deficiências em sua política de renovação de dirigentes.
Gerardo Arreola - La Jornada

Havana – O sexto congreso do Partido Comunista de Cuba (PCC) aprovou ontem (18) o plano de reforma de Raúl Castro e elegeu o novo Comitê Central. O congresso reconheceu as deficiências próprias que se somam aos fatores externos adversos, como a desorganização, a burocracia, o paternalismo e a falta de planejamento e cobrança, segundo a resolução sobre o Informe Central de Castro. O PCC aceitou as justas críticas a sua ingerência na operação do Estado e da economia e anunciou que pretende erradicar essas deficiências em sua política de renovação de dirigentes.

A reunião concluiu seus trabalhos com a aprovação do Informe, a versão final das Diretrizes da Política Econômica e Social e a decisão de revisar a estrutura administrativa dos governos provinciais e municipais. Também realizou a votação em urnas para escolher o novo Comitê Central. O encerramento do congresso está previsto para a manhã desta terça-feira. Em sua primeira sessão, que poderia ser antes desta cerimônia, o Comitê Central terá que escolher o Bureau Político, o órgão executivo, no qual Raúl Castro deve substituir seu irmão como primeiro secretário.

O que ainda se ignora é como o PCC aplicará a demanda feita por Raúl Castro no sábado para garantir o rejuvenescimento sistemático de toda a cadeia de cargos administrativos e partidários. Essa fórmula, disse o mandatário, inclui seus próprios sucessores nos postos de chefe de Estado e de governo e de líder do partido.

Na noite de segunda, conhecia-se apenas um sinal indireto sobre o caso. Das três resoluções principais aprovadas na plenária, duas foram apresentadas por líderes de uma nova geração, ambos de 50 anos, e que foram promovidos á primeira linha de mando sob o mandato de Raúl: o vice-presidente Marino Murillo, principal operador da reforma, e o ministro de Educação Superior, Miguel Díaz-Canel.

A terceira resolução foi lida pelo líder parlamentar Ricardo Alarcón, de 73 anos, que já é membro do Bureau Político, assim como Díaz-Canel. Murillo também poderá integrar esse órgão dirigente. Ele dirigiu a elaboração e o debate do Projeto de Diretrizes da Política Econômica e Social, documento base do Congresso e plano estratégico da reforma.

Na linha do discurso de seu irmão mais novo, Fidel Castro escreveu em seu comentário difundido na segunda-feira que a nova geração está chamada a retificar e mudar sem vacilação tudo o que deve ser retificado e mudado. Por sua vez, a resolução diz que o Informe é coerente com o pensamento e a ação do companheiro Fidel Castro Ruiz, líder da revolução cubana, que conduziu nosso povo durante mais de meio século e continua contribuindo para a luta com suas valiosas reflexões e orientações.

Novas diretrizes
O congresso aprovou a versão modificada das Diretrizes, que surgiu da discussão nacional entre dezembro e fevereiro e de suas próprias sessões. A resolução indicou que a reforma primará pelo planejamento, que levará em conta as tendências do mercado. Estes princípios devem ser harmonizados com maior autonomia das empresas estatais e o desenvolvimento de novas formas de gestão. O modelo reconhecerá e promoverá, além da empresa estatal socialista, forma principal na economia nacional, as modalidades do investimento estrangeiro, das cooperativas, dos pequenos agricultores, dos arrendatários, dos trabalhadores autônomos e outras formas que possam surgir para contribuir para elevar a eficiência.

Na política econômica está presente o conceito de que o socialismo significa igualdade de direitos e oportunidades para todos os cidadãos, não igualitarismo, e se ratifica o princípio de que, na sociedade socialista cubana, ninguém ficará desamparado, destacou o acordo.

O congresso apoiou as demandas de Raúl Castro para evitar que seu projeto fique no papel: uma comissão especial será criada para verificar e coordenar as ações da reforma. A comissão é um traje feito sob medida para Murillo, que no mês passado deixou o Ministério de Economia e Planificação para ficar só como vice-presidente encarregado deste setor. A nota oficial que anunciou a mudança disse que o funcionário ficava encarregado de supervisionar a implementação e que nessa missão deverá concentrar seu trabalho na aprovação das diretrizes no congresso.

A reunião também pediu ao parlamento que respalde a reforma com a necessária base legislativa e que o PCC se encarregue de exigir o cumprimento das diretrizes. Além disso, anunciou que pretende estudar o funcionamento dos governos locais, para sua adaptação ao novo modelo econômico, o que incluirá mudanças na divisão administrativa, a reorganização das principais cidades e ajustes no sistema eleitoral.

Luz verde para negociação de imóveis
Entre as decisões particulares do congresso conhecidas até a noite de segunda, talvez a mais transcendente seja a aprovação das compra e venda de imóveis entre particulares, um fenômeno novo para gerações inteiras de cubanos, que ainda demandará uma regulamentação e detalhamentos. Grande parte dos cubanos tem formalmente a propriedade de sua moradia, mas não pode vendê-la nem comprar outras casas ou apartamentos. As mudanças de residência só acontecem sob a forma da permuta. Na prática, esse mecanismo propiciou a corrupção nos escritórios governamentais encarregados de registrar as operações, e facilitou o surgimento de um mercado negro entre os proprietários, que terminavam executando uma transação mercantil.

O congresso também decidiu facilitar a renovação e construção de habitações, em um claro incentivo à participação privada na solução do déficit habitacional, e uma aproximação na direção de um possível mercado imobiliário.

Mauro Santayana: As assustadoras imagens de Abidjã - Portal Vermelho

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Raúl Castro propõe limite de dez anos para mandatos em Cuba - Portal Vermelho

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Nova economia pode influenciar relações internacionais de Cuba - Portal Vermelho

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Reflexões de Fidel Castro: Minha ausência do Comitê Central - Portal Vermelho

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domingo, abril 17, 2011

A vitória do socialismo

Multidão nas ruas de Havana celebra 50 anos do socialismo cubano .
O presidente de Cuba, Raúl Castro, inaugurou neste sábado (16) o 6º Congresso do Partido Comunista (PCC), o primeiro em 14 anos, que aprovará mudanças no modelo econômico do país e elegerá sua maior liderança política. Raúl Castro, de 79 anos, preside o Congresso no qual participam 1.000 delegados, com a ausência do primeiro secretário do PCC - máxima liderança - Fidel Castro, que se retirou do governo em julho de 2006 quando ficou doente.

Debates do Congresso: cinco Comissões ativas



A Juventude

sexta-feira, abril 15, 2011

Aniversário da epopéia da Baia dos Porcos

16/04/1961 - Invasão da Baia dos Porcos

terça-feira, abril 12, 2011

12/04/1961 - Gagárin faz o 1º vôo espacial

Em 12 de abril de 1961, Gagárin se converteu no primeiro ser humano a viajar ao espaço, ao fazer a viagem a bordo da nave Vostok I.

segunda-feira, abril 11, 2011

A América que amamos

São muitas as características dos EUA que abominamos, denunciadas neste blog. Agora nos propomos a mostrar as que amamos, na produção artístico-cultural, principalmente. Aqui, um trecho do filme "Evening" onde a atriz Claire Danes canta a canção "Time after time". Momento singelo, nostálgico, mas muito bonito.

A destruição da esfera pública pela metástase da intimidade

"Na Coreia do Sul, por exemplo, onde a maior parte da vida social já é habitualmente mediada por aparelhos eletrônicos (ou, ao contrário, onde a vida social já se transformou em vida eletrônica ou em cibervida, e onde a "vida social", em boa parte, transcorre principalmente na companhia de um computador, de um iPod ou de um celular e só secundariamente na companhia de outros seres de carne e osso), é totalmente evidente aos jovens que eles não têm nem uma migalha de escolha: lá onde vivem, viver a vida social pela via eletrônica não é mais uma escolha, mas sim uma necessidade, um "pegar ou largar". A "morte social" espera aqueles poucos que ainda não se conectaram (...) os adolescentes equipados com confessionários eletrônicos portáteis nada mais são do que aprendizes em formação e formados na arte de viver em uma sociedade-confessionário, uma sociedade notória por ter apagado o limite que tempos atrás separava público e privado, por ter feito da exposição pública do privado uma virtude pública e um dever, e por ter retirado da comunicação pública qualquer coisa que resista a se deixar reduzir a confidências privadas, junto com aqueles que se recusam a fazer isso..." (Zigmunt Bauman, La República/IHU).

sábado, abril 09, 2011

Perú vais às urnas acertar contas com o neoliberalismo

Pesquisas de intenção de voto para as eleições deste domingo no Peru, indicam que o presidenciável de centro-esquerda, Hollanta Humala, mantem-se na dianteira e em ascensão, tendo passado de 28% para 31,9% nas preferencias dos peruanos nos últimos dias. Ainda assim, não deve atingir maioria para evitar um segundo escrutínio quando enfrentará uma coalizão de direita cujo candidato permanece indefinido com um quase empate entre Alejandro Toledo, Pablo Kuczynski e Keiko Fujimori. 24 horas antes do pleito, o partido do presidente Alan García, outrora combativo APRA, fundado por Haya de la Torre, dobrou a aposta à direita, declarando apoio ao candidato e ex-banqueiro de Wall Street, Pedro Pablo Kuczynski. Os peruanos, ao contrário, parecem dispostos a retificar o rumo geopolítico do país. Nos últimos anos, quando toda a América Latina transitou à esquerda, o Peru aliou-se à Colômbia de Álvaro Uribe, assinou tratados de livre comércio com os EUA, fez um mergulho anacrônico no missal do neoliberalismo e declarou guerra à Venezuela de Chávez. A genuflexão ao 'livre mercadismo' consolidou o país como grande exportador de farinha de peixe, prata e cobre. Uma parcela da sociedade ascendu com as cotações das commodities, mas isso não se traduziu em saldo equivalente de desenvolvimento, empregos e redução significativa da pobreza que penaliza sobretudo os indigenas. O governo do Presidente Alan García já foi julgado antes do veredito das urnas: outro caso de conversão direitista, Garcia termina o mandato com uma taxa de rejeição superior a 60%. (Carta Maior; Domingo, 10/04/2011)

sexta-feira, abril 08, 2011

Bresser Pereira rompe com o PSDB

"...fui rever as ideias do Fernando Henrique. Eu sabia que ele tinha deixado de ser esquerda, mas eu também tinha deixado um pouco de ser esquerda. Eu continuava um pouco e ele tinha deixado de ser mais do que eu... Aí fui ler outra vez o livro clássico dele e do Enzo Faletto ("Dependência e Desenvolvimento na América Latina). E vi que Fernando Henrique estava perfeitamente coerente. O que é a teoria da dependência? É uma teoria que vai se opor à teoria cepalina, ou isebiana, do imperialismo e do desenvolvimentismo, que defende como saída para o desenvolvimento uma revolução nacional, associando empresários, trabalhadores e governo, para fazer a revolução capitalista. O socialismo ficava para depois. A teoria da dependência foi criada pelo André Gunther Frank, um notável marxista alemão que estudou muitos e muitos anos na Bélgica e que em 1965 publicou um pequeno artigo chamado "O desenvolvimento do subdesenvolvimento", brilhante e radical. É a crítica à teoria da revolução capitalista, à teoria da aliança da esquerda com a burguesia. É a afirmação categórica de que não existia, nunca existiu e nunca existiria burguesia nacional no Brasil ou na América Latina... Quando a burguesia nacional é compradora, entreguista, associada ao imperialismo, a única solução é fazer a revolução socialista. É bem louco, mas é lógico. Aí vieram o Fernando Henrique e o Enzo Faletto e disseram que havia alternativa, a dependência associada. Ou seja, as multinacionais é que seriam a fonte do desenvolvimento brasileiro, cresceríamos com poupança externa. Era a subordinação ao império. Claro que o império ficou maravilhado.... o fato concreto é que no governo Fernando Henrique o partido já caminhava para a direita muito claramente. Daí o PT ganhou a eleição e assumiu uma posição de centro-esquerda, tornou-se o partido social-democrata brasileiro -- e o PSDB, naturalmente, continuou sua marcha acelerada para a direita. Nas últimas eleições, ele foi o partido dos ricos. Isso, desde 2006. É a primeira vez na história do Brasil que nós temos eleições em que é absolutamente nítida a distinção entre a direita e a esquerda, ou seja, entre os pobres e a classe média e os ricos. E um partido desse não me serve ..."(Luiz C. Bresser Pereira, fundador do PSDB, ex-ministro de FHC; Valor, 08-04)(Carta Maior; 6º feira, 08/04/2011)

segunda-feira, abril 04, 2011

De olhos opacos no turbilhão do mundo

Mauro Santayana


O engenheiro baiano José Carlos Aleluia enviou carta ao Reitor da Universidade de Coimbra, protestando contra a concessão do título de Doutor Honoris-Causa ao operário Luis Inácio da Silva, que, com o apelido afetivo de Lula, presidiu ao Brasil durante oito anos. Sem mandato, Aleluia mantém contatos com seus eleitores, mediante um site na Internet. Ele foi um oposicionista inquieto, ocupando, sempre que podia, a tribuna, no ataque ao governo passado, dentro da linha sem rumo e sem prumo do DEM. Aleluia considera uma ofensa às instituições acadêmicas o titulo concedido a Lula, e faz referência elogiosa à mesma homenagem prestada ao professor Miguel Reale. Esqueceu-se, é certo, de outros brasileiros honrados pela vetusta universidade, como Tancredo Neves. Não é preciso conhecer a teoria de Freud para compreender a escolha da memória de Aleluia. O título universitário é, hoje, licença profissional corporativa. O senhor Aleluia está diplomado para exercer o ofício de engenheiro. A Universidade o preparou para entender das ciências físicas, e é provável que ele seja profissional competente, tanto é assim que ministra aulas. O título universitário certifica que o graduado estudou tal ou qual matéria, mas não faz dele um sábio. O conhecimento adquirido na universidade é importante, mas não é tudo. Volto a citar, porque a idéia deve ser repetida, os versos de um escritor mais identificado com a direita do que com a esquerda, T.S. Elliot, nos quais ele mostra a diferença entre ser informado, conhecer e saber: Where is the wisdom we have lost in knowledge? Where is the knowledge we have lost in information? O título de Doutor Honoris-Causa, sabe bem disso o engenheiro Aleluia, não é licença profissional, mas o reconhecimento de um saber, construído ao longo do tempo, tenha o agraciado ou não freqüentado a universidade. O papel da Universidade não deveria ser o que vem desempenhando – o de conferir certificados de preparação técnica -, mas o de abrir caminho à busca do saber. O Senador Christovam Buarque, com a autoridade de quem foi reitor da UNB, disse certa vez que a Universidade ideal será aquela que não expeça diplomas. Lula, com os seus defeitos, e não são poucos, é um doutor em política. Um chefe de Estado não administra cifras, não faz cálculos estruturais, não prolata sentenças, nem deve escrever seus próprios discursos. Cabe-lhe liderar os povos e conduzir os estados, e isso dele exige muito mais do que qualquer formação escolar: exige a sabedoria que desconfia do conhecimento, e o conhecimento que se esquiva das informações não confiáveis. A universidade é uma instituição relativamente nova na História. Ela não foi necessária para que os homens, com Demócrito, intuíssem a física atômica; com Pitágoras e Euclides, riscassem no solo figuras geométricas e delas abstraíssem os teoremas matemáticos; e muito menos para que Fídias fosse o genial arquiteto e engenheiro das obras da Acrópole e o escultor que foi. Mais ainda: as maiores revoluções intelectuais e sociais do mundo não dependeram das universidades, embora nelas se tenham formado grandes pensadores – e sua importância, como centro de reflexões e pesquisas, seja insubstituível. O preconceito de classe contra Lula sela os olhos de Aleluia e os torna opacos. Solidário o meu autodidatismo com o de Lula, quero lembrar o grande escritor norte-americano Ralph Waldo Emerson: um talento pode formar-se na obscuridade, mas um caráter só se forma no turbilhão do mundo. É no turbilhão do mundo que se forma o caráter dos grandes homens.

sexta-feira, abril 01, 2011