Caíque
Vieira
A
partir de 2002, quando o povo brasileiro elegeu um operário para dirigir o
governo da nação, passamos a viver um momento singular nas perspectivas
política, econômica e social de nossa história, como se houvéssemos retomado o
projeto popular e democrático do governo interrompido pelo golpe militar de 64.
Foi
a primeira vez que um partido de esquerda assumiu o poder, concluiu o mandato,
se reelegeu, elegeu o seu sucessor e novamente se reelegeu. Esses fatos inquietaram
tremendamente as elites políticas e econômicas do país que, em conluio com a
grande imprensa, porta-voz de seus interesses, passou a provocar crises
institucionais, como é tradicionalmente de seu feitio, com o intuito de
desestabilizar o governo.
A
recuperação da capacidade do Estado de promover políticas públicas e sociais,
suprimida nos governos neoliberais fernandistas (Fernando Collor de Melo e
Fernando Henrique Cardoso), objetivo primordial desse governo de esquerda, teve
reflexos:
1.
no âmbito interno cujos programas sociais e de transferência de rendas
promoveram o aumento do poder aquisitivo, a mobilidade social de um amplo
contingente da população e, consequentemente, a ampliação de um mercado interno
responsável pela superação das dificuldades criadas pela crise econômica
mundial de 2008;
2.
no âmbito externo ao ser criado um novo paradigma cujas características
principais são o desassombramento e a independência, a solidariedade internacional e o respeito
ao princípio da autodeterminação dos povos.
Enquanto
os Estados Unidos estavam voltados para as suas invasões de domínio
imperialista no oriente, tivemos a oportunidade de desenvolver, sem a sua
perniciosa interferência, novas relações com os povos da América Latina que, em
sua maioria (Argentina, Bolívia, Chile, Equador, Paraguai, Uruguai, Venezuela)
também elegia governos progressistas que,
como o nosso, ansiavam pela superação do modelo neoliberal e pelo incremento de
justiça social. Com essas nações, consolidamos o MERCOSUL, a UNASUL cuja arrojada sede acaba de ser inaugurada, o Conselho
de Defesa Sulamericano e a CELAC (Comunidade dos Estados
Latinoamericanos e Caribenhos). Com outras mais distantes, criamos o BRICS
(iniciais de Brasil, Rússia, Índia,
China e South Africa) importante bloco que, pela pujança de sua
economia, vem influenciando a nova configuração do poder mundial.
Agora,
ao completar o primeiro mandato do governo Dilma que se elegeu como legítima
herdeira e continuadora das políticas públicas iniciadas nos mandatos anteriores, enfrentamos desafios tão grandes ou maiores, dada a magnitude da crise econômica de 2008 no centro do capitalismo mundial e do crescente
desejo da oposição em desestabilizar o governo recém eleito, estando o golpismo na agenda dos derrotados, pela
insuportável (para si próprios) razão de que seus erros e equívocos na política
econômica resultaram em monumentais
fracassos, somados aos sucessos dos novos governos de esquerda e que deverão
ser aprofundados no que concerne: i.) às
políticas públicas que colocaram o Brasil nos trilhos para um salto
qualitativo de nossa democracia política
e econômica; ii). à adoção de um modelo de desenvolvimento econômico com o
aproveitamento de nossos recursos naturais com toda a sua biodiversidade de
forma autossustentável; iii.) à nova postura independente e soberana de nossas
relações internacionais, dando-nos a possibilidade de participarmos do poder
mundial priorizando o pacifismo das soluções diplomáticas (o caso do Irã, por
exemplo), procurando influir no ocaso da insensatez das guerras promovidas pela
sanguinária OTAN (Organização do Tratado do Atlântico Norte) liderada pelos
Estados Unidos. Enfim, nossos diplomatas fazendo valer as características de
nosso temperamento cordial, determinante de nossa liderança na América Latina e
no mundo.
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